Chefe de uma aliança pró-europeia e ex-presidente do Conselho Europeu, político foi eleito como novo chefe de governo pelo Parlamento, encerrando mais de oito anos de domínio ultraconservador no país.A câmara baixa do parlamento da Polônia elegeu na noite desta segunda-feira (11/12) o ex-líder da oposição Donald Tusk como futuro primeiro-ministro, após o nome proposto pelo partido vencedor nas eleições legislativas de 15 de outubro ter perdido um voto de confiança dos deputados horas antes.

Tusk, indicado por uma aliança de partidos pró-europeia, foi eleito com 248 a favor e 201 contra.

Na manhã desta segunda, o atual primeiro-ministro, o ultraconservador e nacionalista Mateusz Morawiecki, perdeu um voto de confiança no parlamento, após o seu partido conservador e nacionalista, o Lei e Justiça (PiS), ter vencido as legislativas, mas sem a maioria dos deputados. Ele teve 266 votos contrários e 190 a favor.

Fim do domínio do PiS

A retomada do poder por Tusk encerra um ciclo de domínio do PiS, que estava no poder desde 2015.

No poder, o PiS combinou uma fórmula de gastos sociais mais altos com políticas socialmente ultraconservadoras e apoio à Igreja nesta nação majoritariamente católica. No entanto, os críticos também apontaram que o partido agiu para reverter muitas das conquistas democráticas desde que a Polônia se viu livre do regime comunista em 1989.
Até mesmo o governo dos EUA, um aliado da Polônia, chegou a manifestar preocupação com a erosão da liberdade de imprensa e da liberdade acadêmica na área de pesquisa do Holocausto na Polônia.

Os críticos apontam principalmente para a ofensiva do PiS contra o Judiciário e a mídia independente no país. O PiS também instrumentalizou o preconceito contra minorias, principalmente LGBTQ+, e instituiu medidas para repremir o direito ao aborto.

O que muda

A retomada do poder por Tusk também pode pôr fim a uma disputa de longa data entre a União Europeia e a Polônia sobre uma controversa reforma judicial promovida pelo PiS e, consequentemente, a atribuição de bilhões em fundos congelados da UE.

Tusk, de 66 anos, foi primeiro-ministro da Polônia de 2007 a 2014 e presidente do Conselho Europeu de 2014 a 2019, mantendo bons contatos em Bruxelas e, naturalmente, sendo pró-UE.

Ele enfatizou repetidamente que quer “reconstruir” a posição da Polônia no continente. Por outro lado, enfrenta acusações de seus adversários por colocar os interesses estrangeiros acima dos da Polônia.

Em seu discurso nesta segunda, Tusk prometeu “devolver aos poloneses o que pertence a eles: a democracia”.

Na terça-feira, ele deve se submeter a um voto de confiança no Parlamento. Se aprovado, deve prestar juramento na quarta-feira para concluir os procedimentos exigidos pela Constituição.

Composta pela PO (centro liberal) de Tusk, pela Terceira Via (Democrata-Cristão) e pela Esquerda, a coligação pós-eleitoral de partidos pró-Europa tem 248 deputados, contra 194 representantes eleitos pelo PiS, que chega ao fim de um ciclo de oito anos no poder, e 18 da Confederação (extrema-direita), no hemiciclo de 460 lugares.

A mudança no governo polonês pressagia uma nova direção nas relações internacionais de Varsóvia, com maior aproximação com seus parceiros europeus e maior harmonia com as grandes democracias ocidentais.

le (AFP, EFE, Lusa)