11/12/2025 - 8:08
María Corina Machado viajou em sigilo mas não chegou à Noruega a tempo de receber a premiação. Ela disse que voltará a seu país “no momento certo” para “acabar com a tirania e ter uma Venezuela livre”.A líder da oposição venezuelana e vencedora do Prêmio Nobel da Paz, María Corina Machado, chegou a Oslo horas após a cerimônia de entrega da premiação, na qual foi homenageada in absentia nesta quarta-feira.
Imagens divulgadas pela imprensa na manhã desta quinta-feira (11/12) a mostraram acenando de uma varanda do Grand Hotel, na capital norueguesa. Pouco antes, seus apoiadores cantaram o hino nacional venezuelano e entoaram gritos pedindo “liberdade”.
Em Oslo, Machado disse que fará o possível para retornar à Venezuela para “acabar com a tirania muito em breve”.
Em uma entrevista coletiva com o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Store, na manhã desta quinta-feira, ela disse que tem muitas esperanças de que a Venezuela seja “livre” e que possa dar as boas-vindas de volta a todos os venezuelanos “que tiveram que fugir do país”.
Ela agradeceu a honraria representada pelo Nobel da Paz como um “reconhecimento ao povo venezuelano” e disse que é “apenas uma entre os milhões de pessoas que compõem um movimento pela democracia”.
Questionada sobre o seu apoio a uma hipotética intervenção militar dos Estados Unidos, Machado respondeu que a Venezuela “já foi invadida” e acusou o governo de Nicolás Maduro de permitir a operação livre de agentes russos, iranianos, grupos terroristas e cartéis de drogas.
Viagem em sigilo
Investigada em seu país por acusações que incluem traição, Machado, de 58 anos, esteve escondida desde junho de 2024. Segundo relatos na imprensa, ela viajou de barco da Venezuela, onde vive na clandestinidade, para a ilha caribenha de Curaçao e depois voou para a Noruega através dos Estados Unidos em um jato particular.
Como não chegou a Oslo a tempo para a cerimônia, sua filha, Ana Corina Sosa Machado, recebeu o prêmio em seu nome na prefeitura da cidade.
Ela foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz deste ano “por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
Caracas critica “manobra política”
Figura central da oposição venezuelana, Machado foi uma força motriz por trás da campanha do ano passado do candidato da oposição, Edmundo González, que críticos do governo e vários países estrangeiros consideram o legítimo vencedor da eleição presidencial de 2024.
O presidente Nicolás Maduro, no entanto, foi declarado o vencedor, apesar das alegações generalizadas de fraude. González fugiu posteriormente para a Espanha e muitas outras figuras da oposição também deixaram o país.
O governo venezuelano criticou a cerimônia do Prêmio Nobel como uma manobra política. A vice-presidente Delcy Rodríguez afirmou na televisão estatal que “parecia um velório, foi um fracasso total. O espetáculo fracassou porque a senhora [Machado] não apareceu.” Rodríguez descreveu a honraria como “um prêmio manchado de sangue”.
Caracas vive um período de forte tensão em meio a uma série de ações hostis dos Estados Unidos, que enviaram uma força naval para a região. Os americanos realizaram diversos ataques a embarcações na região que supostamente transportavam drogas para os EUA e, nesta quarta-feira, apreenderam um navio petroleiro na costa da Venezuela.
“Qualquer um está em perigo na Venezuela”
“Vim receber o prêmio em nome do povo venezuelano e o levarei de volta à Venezuela no momento certo”, disse Machado ao deixar o Parlamento norueguês, sem dar detalhes sobre seu possível retorno a sua terra natal. “Não direi quando será ou como será”, comentou.
Ao comentar as ameaças à sua segurança, Machado disse que “qualquer pessoa que viva na Venezuela e queira falar a verdade está em perigo”.
Os promotores venezuelanos disseram anteriormente que Machado seria considerada uma fugitiva se deixasse o país. Ao retornar à Venezuela, ela poderia ser presa ou ter negada a sua entrada no país.
rc (AFP, DPA)
