Chefes de governo e Estado de todo mundo lamentam morte do papa emérito. Lula lembra compromisso com a fé e ensinamentos cristão assumido pelo pontífice alemão.Líderes políticos e religiosos de todo mundo prestaram neste sábado (31/12) homenagens ao papa emérito Bento 16, que morreu aos 95 anos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, lamentou a morte de Bento 16 e lembrou o “sinal forte” enquanto “servo de Deus e da sua Igreja” quando este renunciou ao pontificado.

“A morte do papa Bento 16 me entristece. Bento 16 havia dado um sinal forte com sua renúncia, se vendo primeiro como um servo de Deus e da sua Igreja. Uma vez que sua força física diminuiu, ele continuou a servir por meio do poder das suas orações”, escreveu von der Leyen em seu perfil no Twitter. A líder da Comissão Europeia enviou ainda condolências a todos os católicos.

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, manifestou a sua tristeza pela morte de Bento 16. “Tivemos oportunidade de conversar durante a sua visita ao Brasil e também no Vaticano”, onde Lula esteve em 2008, salientando também o “compromisso com a fé e os ensinamentos cristão” do papa emérito. “Desejo conforto aos fiéis e admiradores do Santo Padre”, acrescentou.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, elogiou o compromisso de Bento 16 com “a não-violência e paz” e ofereceu suas condolências aos católicos ao redor do mundo que foram inspirados “por sua vida de oração”.

Líderes europeus

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, disse que Bento 16 foi “um líder especial para muitas pessoas e não apenas na Alemanha”, seu país de origem. “O mundo perdeu uma figura destacada na Igreja Católica, uma personalidade polêmica e um teólogo inteligente”, escreveu Scholz em sua conta no Twitter.

Por sua vez, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, declarou sobre Bento16 que “sua fé, seu intelecto, sua sabedoria e sua humildade pessoal” sempre o impressionaram.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e o presidente francês, Emmanuel Macron, também lamentaram a morte do papa emérito. Sunak destacou que Bento 16 foi “um grande teólogo” e disse que os seus pensamentos estavam “com o povo católico do Reino Unido e do mundo”.

Macron salientou que Bento 16 trabalhou “com alma e inteligência por um mundo mais fraterno”. “O meu pensamento está com os católicos em luto da França e do mundo”, acrescentou.

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, expressou seu “pesar” pela morte do papa emérito, que foi “um gigante da fé e da razão” e “um grande homem que a história não esquecerá”.

“Um homem apaixonado pelo Senhor que colocou sua vida a serviço da Igreja universal e falou, e continuará falando, aos corações e mentes dos homens com a profundidade espiritual, cultural e intelectual de seu magistério”, disse Meloni.

A líder da extrema-direita italiana, que expressou ao papa Francisco a dor de seu governo e sua dor pessoal, também enfatizou que o papa alemão era “um cristão, um pastor, um teólogo: um grande homem que a história não esquecerá”.

Já o presidente italiano, Sérgio Mattarella, destacou o papel do papa emérito como “um intelectual e um teólogo, que interpretou as razões do diálogo, da paz e da dignidade da pessoa como interesses supremos das religiões”.

“Com dedicação, serviu a causa da sua Igreja no cargo sem precedentes de papa emérito, com humildade e serenidade. A sua figura permanece inesquecível para o povo italiano”, realçou Mattarella.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, expressou as suas “mais sentidas condolências à Igreja católica” pela morte de Bento 16. “Um grande teólogo dedicado ao serviço aos outros, à justiça e à paz”, realçou.

Lideranças religiosas

O patriarca da Igreja Ortodoxa russa saudou a memória do papa emérito, recordando-o como um “eminente teólogo” e defensor dos “valores tradicionais”. Em comunicado, Cirilo lembrou que os “valores tradicionais” são um “conceito caro” ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, e recordou o papa de origem alemã que renunciou ao pontificado em 2013.

“A inquestionável autoridade de Bento 16 como eminente teólogo lhe permitiu dar uma contribuição significativa para o desenvolvimento da cooperação intercristã, para o testemunho de Cristo diante de um mundo secularizado e para a defesa dos valores morais tradicionais”, destacou Cirilo.

Ao prestar homenagem ao papa emérito, a Conferência Episcopal da Alemanha lembrou a questão em aberto em relação ao comportamento de Bento 16 em casos de abuso sexual durante seus anos como arcebispo de Munique.

“Ele pediu desculpas aos afetados. Mas há questões que permanecem em aberto”, disse o presidente da Conferência Episcopal em uma carta na qual também elogiou o trabalho de Joseph Ratzinger como um teólogo que “sempre fez ouvir a voz do evangelho”.

Bento 16 é acusado na Alemanha de ter permitido que dois padres, responsáveis ​​por abusos sexuais comprovados, continuassem assumindo funções pastorais na Arquidiocese de Munique. Na época, ele fez afirmações conflitantes sobre se havia ou não estado presente em uma reunião em que um dos dois padres foi autorizado a continuar trabalhando como tal.

cn (Efe, Lusa, AFP, Reuters)