30/12/2025 - 11:59
Arqueólogos descobriram no centro do Egito um cemitério do Novo Império, com cerca de 3.500 anos, que abriga múmias, amuletos, estátuas, vasos canópicos e um rolo de papiro de 13 metros de comprimento contendo parte do “Livro dos Mortos”. O achado, feito na região de Al-Ghuraifa, é considerado raro por incluir o primeiro papiro completo já encontrado na área e pelo estado em que foi encontrado.
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“Caracteriza-se por estar em bom estado de conservação”, afirmou Mustafa Waziri, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, em comunicado traduzido do árabe e divulgado pelo Ministério do Turismo e Antiguidades. O cemitério é datado de algum momento entre 1550 a.C. e 1070 a.C. período correspondente ao Novo Império egípcio.
Embora o local já chamasse a atenção pelas centenas de achados arqueológicos e pelos túmulos escavados na rocha dentro de seus limites, a possível cópia do “Livro dos Mortos” se destacou como uma descoberta especialmente incomum. O pergaminho, que se acredita ter entre 13 e 15 metros de comprimento, teve poucos detalhes divulgados, o que mantém em aberto diversas questões sobre seu conteúdo específico.
Os textos do “Livro dos Mortos” surgiram no início do Novo Império, por volta de 1550 a.C., e podem variar conforme o autor. Por isso, encontrar um exemplar dessa época em “bom estado de conservação” não é algo comum. “Se for tão longo e estiver tão bem preservado, certamente é uma descoberta fantástica e interessante”, disse Lara Weiss CEO do Museu Roemer e Pelizaeus, na Alemanha, ao Live Science.
Foy Scalf, egiptólogo da Universidade de Chicago, afirmou ao Live Science que é “muito raro” encontrar uma cópia ainda na tumba. Segundo ele, no entanto, sem fotografias e uma publicação oficial descrevendo o texto, é difícil verificar em detalhes a natureza da descoberta.
Conhecido de forma mais precisa como “Os Capítulos/Livro da Saída para o Dia”, o texto desempenhou papel central na cultura do Egito Antigo. De acordo com o Centro Americano de Pesquisa no Egito, qualquer exemplar do livro oferece aos pesquisadores informações fundamentais sobre a religião egípcia e suas crenças a respeito da vida após a morte.
“O ‘Livro dos Mortos’ revela aspectos centrais do sistema de crenças dos antigos egípcios”, escreve o centro, “e, como muitos tópicos em egiptologia, nossas teorias estão em constante mudança, crescimento e adaptação a cada nova tradução deste texto”.
Outros achados
O “Livro dos Mortos”, porém, não foi o único destaque das câmaras funerárias. A equipe arqueológica encontrou sarcófagos de pedra e madeira contendo múmias, mais de 25.000 estátuas de ushabti, um número incontável de utensílios, milhares de amuletos de pedra e madeira, além de vasos canópicos.
Entre os achados mais notáveis estão os sarcófagos de madeira gravados e coloridos incluindo o de Ta-de-Isa, filha de Eret Haru, o sumo sacerdote de Djehuti em Al-Ashmunin. Ao lado do sarcófago, foram localizadas duas caixas de madeira com seus vasos canópicos, além de um conjunto completo de estátuas de ushabti e uma estátua da divindade semelhante a um avestruz, Ptah Sokar.
Por fim, o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito informou que espera que o pergaminho seja exibido no Grande Museu Egípcio, ampliando o acesso público a uma descoberta considerada excepcional para o estudo do Egito Antigo.
