08/10/2018 - 8:08
Nos últimos anos, a sustentabilidade se tornou um dos temas mais discutidos no setor empresarial. Isso é fruto, principalmente, da conscientização social. O ser humano está cada vez mais certo de que os recursos naturais que utiliza são finitos. Dessa maneira, se não nos preocuparmos com o planeta, as próximas gerações estarão ameaçadas. O tripé reduzir, reutilizar e reciclar é uma tendência cada vez mais presente em nossa sociedade.
Seguindo essa tendência, o conceito de logística reversa também se transformou em uma ferramenta fundamental para a sustentabilidade no setor empresarial. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.
Com leis relacionadas às questões ambientais muito mais rígidas, as empresas e indústrias brasileiras se viram na obrigação de desenvolver projetos voltados à logística reversa. A Lei 12.305/2010 obriga os fabricantes e distribuidores a recolher as embalagens usadas. Hoje em dia já não basta reaproveitar e remover os refugos do processo de produção. O fabricante é responsável por todas as etapas até o fim da vida útil do produto. Por isso, a logística reversa está cada vez mais presente nas operações das empresas. O investimento para o desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis, retornáveis ou descartáveis, vem promovendo não só a queda do peso dos recipientes, que já colaboram para a redução do impacto ambiental, mas também a diminuição dos custos de industrialização, por serem mais leves. Outro ponto favorável fica por conta do crédito perante a opinião pública, já que as empresas demonstram que também se preocupam com o meio ambiente.
Há muito desperdício nos processos tanto industriais como de coleta seletiva. A logística reversa possibilita a reutilização desse material ou, se isso não for possível, o descarte correto do mesmo. Desse modo, as empresas têm se esforçado para reintegrar os resíduos nos processos produtivos originais, minimizando as substâncias descartadas na natureza e reduzindo o uso de recursos naturais. Fabricantes de bebidas, por exemplo, têm gerenciado o retorno das garrafas desde os pontos de venda até os centros de distribuição.
Em uma pesquisa feita com a cadeia de suprimentos de cervejas e refrigerantes, em que os integrantes terceirizaram o processo de coleta e retorno de embalagens usadas para reciclagem, foi obtida uma economia anual de mais de US$ 11 milhões. Ambos os lados se beneficiam com a logística reversa. O consumidor atende sua consciência ecológica, recuperando parte do valor do produto, enquanto a empresa fabrica novos produtos com menos custos e insumos. Quem está no meio dessa cadeia também se beneficia, já que novas oportunidades de negócio são geradas e há uma inserção maior no mercado de trabalho para uma parcela marginalizada da sociedade.
Fica evidente que a logística reversa é uma forma eficiente de recuperar os produtos e materiais descartados das empresas. Atualmente, as empresas modernas já entenderam que, além de lucratividade, é necessário atender aos interesses sociais, ambientais e governamentais, para atingir a sustentabilidade. É preciso satisfazer os stakeholders – governos, comunidade, acionistas, clientes, funcionários e fornecedores –, que avaliam a empresa por diferentes ângulos. A logística reversa ainda está em difusão no Brasil, aplicada por ora somente por empresas de grande e médio porte. O potencial de crescimento nos próximos anos, porém, é muito promissor.