Presidente brasileiro diz que não recebe ordem de “gringo” e vai mpor impostos contra gigantes de tecnologia, citadas pelo Escritório de Comércio dos EUA como prejudicadas por “práticas desleais” do Brasil.O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta quinta-feira (17/07) seu homólogo americano, Donald Trump, pela decisão de impor barreiras tarifárias a produtos brasileiros e abrir uma investigação comercial contra o país.

O petista reforçou o discurso de que o Brasil é soberano para lidar com seus problemas e subiu o tom sobre a investigação comercial aberta pela Casa Branca contra o Brasil. Em diferentes declarações, disse que Trump se considera “imperador do mundo” e defendeu que não obedecerá ordens de um “gringo”.

Em discurso durante o 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Goiânia, Lula ainda prometeu retaliar empresas americanas de tecnologia com novos impostos. As gigantes do mercado digital foram citadas pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA como prejudicadas por “práticas desleais” do Brasil.

“Ele [Trump] disse: ‘Eu não quero que as empresas americanas, empresas de plataforma, sejam cobradas no Brasil’. Vou dizer uma coisa, o mundo tem que saber que este País só é soberano porque o povo é soberano e tem orgulho deste País. Eu queria dizer para vocês que a gente vai julgar e cobrar imposto das empresas americanas digitais”, afirmou.

No mesmo discurso, Lula também citou big techs que entram em choque com o Judiciário brasileiro quando obrigadas a remover conteúdos. O petista disse não aceitar que as redes sociais sejam usadas como ferramenta de agressão em nome da liberade de expressão.

Empresas americanas prejudicadas?

A Casa Branca acusa o Supremo Tribunal Federal de censurar atividades em redes sociais, majoritariamente ligadas a big techs americanas, e afirma que o governo brasileiro beneficia seu serviço de pagamento eletrônico em detrimento das alternativas oferecidas por empresas americanas.

Como a DW mostrou, ao ser lançado, o Pix abocanhou parcela considerável de um mercado dominado por bandeiras de cartão de crédito ou débito, como a Mastercard e a Visa, ambas sediadas nos EUA, e por sistemas de pagamento eletrônico como Google Pay, Apple Pay e WhatsApp Pay, também americanos.

A aplicação de impostos sobre serviços digitais costuma gerar polêmica em todo o mundo quando países tratam da regulamentação destas plataformas. O Canadá, por exemplo, recuou de impor taxas sobre gigantes de tecnologia justamente após pressão dos EUA.

“Não é um gringo que vai dar ordem a este presidente da República”, completou Lula.

O governo brasileiro tenta retomar a discussão sobre a regulamentação e a taxação das redes sociais no Congresso desde 2024 por meio do “PL das Fake News”, mas sofre resistência da oposição. O STF já decidiu pela responsabilização civil das plataformas pelos conteúdos publicados.

Trump não pode ser “imperador do mundo”, diz Lula

Durante o evento, Lula ainda afirmou que Trump seria preso se a invasão do Capitólio por seus apoiadores, em 6 de janeiro de 2021, tivesse acontecido no Brasil. O petista ainda acusou o americano de ser incapaz de negociar. “Eu tenho certeza que o presidente americano jamais negociou 10% do que eu negociei na minha vida, jamais. Se tem uma coisa que eu sei na vida é negociar”, afirmou.

Em entrevista à CNN americana, também divulgada nesta quinta-feira, Lula argumentou que Trump esquece que foi eleito para governar os Estados Unidos, não para “ser o imperador do mundo”. “Seria muito melhor estabelecer uma negociação primeiro, e depois alcançar um acordo possível, porque nós somos dois países que temos boas relações por 200 anos”, completou.

Casa Branca reage

Questionada sobre as declarações de Lula, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou nesta quinta-feira (17/07) que Trump “certamente não está tentando ser o imperador do mundo”.

“Ele é um presidente forte e também é o líder do mundo livre. Vimos uma grande mudança em todo o planeta por causa da liderança firme do presidente”, rebateu.

gq (OTS)