A busca por inteligência extraterrestre está bastante concentrada na captação de sinais de rádio, mas um estudo publicado recentemente na revista Acta Astronautica propõe que esse foco seja ampliado para outras “tecnoassinaturas” – manifestações de tecnologia que podem ser detectadas por meios astronômicos. A luz óptica de comprimento de onda mais curto é uma delas, citam os autores do trabalho, baseado nas conclusões de um workshop de agosto de 2020 patrocinado pela Nasa e pelo Blue Marble Space Institute of Science em Seattle.

Conforme lembra o jornalista e escritor Leonard David em um artigo sobre o tema veiculado no site Space, bastaria a alienígenas atentos observarem o lado escuro da Terra para notar a presença de seres tecnologicamente atuantes nas concentrações de luz emitidas pelas cidades, em especial por nossas áreas metropolitanas. Civilizações extraterrestres avançadas, aliás, podem ter construído cidades em um número significativamente maior na superfície de seus planetas. “Esses planetas mais urbanizados teriam um brilho noturno mais alto das luzes da cidade e seriam correspondentemente mais fáceis de detectar”, escreveram os autores do estudo.

O trabalho publicado na Acta Astronautica observa que a pesquisa de tecnoassinaturas não envolveria custos adicionais nas missões, e exorta os cientistas a considerarem com mais atenção essa alternativa. Os autores observam que as ferramentas para encontrar essas tecnoassinaturas podem inclusive já estar disponíveis – “mas começar a procurar exigirá um esforço de toda a comunidade (de astrônomos)”.

Assinatura atmosférica

Outra tecnoassinatura de busca viável é a atmosférica – gases emitidos por meios artificiais, seja como um subproduto incidental da civilização industrial ou para uma finalidade específica, como o gerenciamento do clima que a humanidade deveria fazer para lidar com o aquecimento global. Os autores citam como exemplo de tecnoassinatura atmosférica o dióxido de nitrogênio (NO2).

“A produção de NO2 na Terra hoje inclui fontes biogênicas e antropogênicas, além de raios”, escrevem os autores do artigo. “No entanto, o NO2 gerado pelo homem domina três vezes a quantidade de fontes não humanas. Detectar altos níveis de NO2 em níveis acima das emissões não tecnológicas encontradas na Terra pode ser um sinal de que o planeta pode abrigar processos industriais ativos.”