O Observatório astronômico Vera C. Rubin já nasceu com a promessa de promover registros inéditos do universo – mas foi apenas nesta segunda-feira, 23, que foram divulgadas as primeiras imagens do telescópio, considerado o maior do mundo.

A instalação é localizada no topo da montanha Cerro Pachón, no Chile, e começou a ser construída ainda em 2014. Nomeado em homenagem ao astrônomo que descobriu evidências de matéria escura, o Vera C. Rubin tinha previsão de começar as operações neste ano, guiado pelo projeto Legacy Survey of Space and Time.

Aproveitando-se do ar seco derivado do Deserto do Atacama, o telescópio possui ótimas condições para observar o céu noturno e tem a capacidade de catalogar diversas informações de uma só vez.

“Normalmente, você projetaria um telescópio ou um projeto para responder a uma dessas perguntas. O que torna o Rubin tão poderoso é que podemos construir uma máquina que fornece dados para toda a comunidade, resolvendo todas essas questões de uma só vez”, explica Mario Juric, cientista de projetos de gerenciamento de dados do Rubin.

+ Telescópio Hubble faz 35 anos: veja as imagens mais incríveis registradas pelo equipamento

+ Pesquisadores dizem que Stonehenge de Israel não foi observatório astronômico

Promessas e potencial científico

Com o Observatório de Rubin em operação, grandes descobertas são esperadas pela comunidade científica. Informações mais profundas sobre a configuração inicial do universo, assim como a identificação de objetos transnetunianos e o possível “nono planeta” do Sistema Solar, estão entre as expectativas dos pesquisadores.

A intenção da aparelhagem é gerar um filme do universo em alta resolução, com duração de uma década. Calcula-se 20 terabytes de dados por dia, juntando cerca de 60.000 terabytes até o final do levantamento. Para se ter noção da potência de Rubin, em apenas um ano de atuação, ele compilará mais dados do que todos os observatórios ópticos anteriores combinados.

A câmera digital presente no Observatório é a maior já construída pelo ser humano, com 3.200 megapixels. Além disso, o Rubin é fixado em um prédio de 10 andares e equipado com um espelho primário de 8,4 metros. O sistema giratório do telescópio tem uma montagem especializada para capturar exposições de 30 segundos do céu – girando rapidamente em seguida para registrar uma nova posição.

“A quantidade de informações que obteremos sobre o sistema solar será enorme. Levamos 225 anos para descobrir os primeiros 1,4 milhão de asteroides no sistema solar. Com o Rubin, vamos encontrar os próximos 1,4 milhão em menos de um ano”, comemora Juric.

Veja as primeiras imagens do Observatório Vera C. Rubin:

1- Baú do Tesouro Cósmico

Composta por mais de 1100 imagens capturadas pelo Observatório Vera C. Rubin da NSF-DOE, esta figura contém uma imensa variedade de objetos, demonstrando a ampla gama de ciência que Rubin trará. A imagem inclui cerca de 10 milhões de galáxias, aproximadamente 0,05% das cerca de 20 bilhões de galáxias que o telescópio capturará na próxima década.

Foto: NSF–DOE Vera C. Rubin Observatory

2- Aglomerado de Virgem

Esta imagem captura uma pequena parte da visão do Aglomerado de Virgem, oferecendo um vislumbre da variedade do cosmos. São visíveis duas galáxias espirais proeminentes, três galáxias em fusão, grupos de galáxias próximas e distantes, estrelas dentro da Via Láctea e muito mais.

Foto: NSF–DOE Vera C. Rubin Observatory
Foto: NSF–DOE Vera C. Rubin Observatory

3- Nebulosas Trífida e Lagoa

Esta foto combina 678 imagens separadas obtidas pelo Observatório Rubin em pouco mais de sete horas de observação. A combinação de muitas imagens revela  detalhes que de outra forma seriam tênues ou invisíveis, como as nuvens de gás e poeira que compõem a nebulosa Trífida (acima) e a nebulosa da Lagoa, que estão a milhares de anos-luz de distância da Terra.

Foto: NSF–DOE Vera C. Rubin Observatory
Foto: NSF–DOE Vera C. Rubin Observatory