14/12/2025 - 12:27
Último grande partido pró-democracia ainda em atividade na antiga colônia britânica decide se dissolver em meio ao recrudescimento da repressão política implementada por Pequim.O Partido Democrático de Hong Kong, o último grande partido da oposição ainda em atividade na antiga colônia britânica, anunciou sua dissolução neste domingo (14/12), após seu congresso anual, marcando o fim de mais de três décadas de atividade política na cidade.
“Anunciamos oficialmente a dissolução e o encerramento” das atividades do Partido Democrático, declarou seu presidente, Lo Kin-hei, em uma coletiva de imprensa.
“Como grupo, acredito que podemos concluir que as atividades do Partido Democrático terminarão hoje”, disse Lo, líder da sigla que já foi a força de oposição mais forte da cidade.
O Partido Democrático foi formado no final do domínio colonial britânico em Hong Kong, quando os principais grupos liberais do território se uniram.
“Somos profundamente gratos a todos os cidadãos que apoiaram o Partido Democrático nos últimos 30 anos”, declarou Lo.
Pequim acirrou controle
Nos últimos anos, o governo de Pequim intensificou o controle sobre Hong Kong, especialmente após os protestos pró-democracia massivos e por vezes violentos de 2019.
Após a imposição da lei de segurança nacional, a oposição foi severamente enfraquecida e muitos ativistas pró-democracia estão agora presos ou exilados.
Fundado em 1994 e outrora o principal bastião da oposição no Conselho Legislativo da cidade, o Partido Democrático enfrentava uma situação crítica, sem qualquer representação no Conselho Legislativo ou nos conselhos distritais.
O presidente do partido, Lo Kin-hei, havia declarado anteriormente que a dissolução da organização era “inevitável” após a dissolução de inúmeros grupos e partidos locais, como o Partido Cívico e a Liga dos Social-Democratas, na sequência da imposição da lei de segurança nacional por Pequim em 2020.
A situação tornou-se ainda mais complexa em março de 2021, quando o governo chinês aprovou uma lei destinada a garantir que apenas “patriotas” pudessem governar Hong Kong.
Candidatos alinhados com a China
Esta legislação reduziu significativamente a representação democrática no Conselho Legislativo, consolidou o controle sobre os processos eleitorais e estabeleceu um painel de seleção de candidatos alinhado com os interesses de Pequim.
Em 2010, o Partido Democrático iniciou negociações discretas com autoridades de Pequim, chegando a um acordo de compromisso sobre o caminho para a reforma política em Hong Kong. No entanto, esse diálogo gerou forte oposição de seus apoiadores e aliados, que o consideraram um ato de traição.
Apesar das críticas, o partido se adaptou e se consolidou como a principal força dentro do bloco de oposição na cidade.
Prisões de membros do partido
Contudo, sua trajetória tomou um rumo dramático com a imposição da lei de segurança nacional: quatro parlamentares do partido foram condenados em 2024 a penas de prisão de até seis anos e nove meses por conspiração e acusados de cometer subversão, após participarem de eleições primárias não oficiais, que os tribunais interpretaram como uma conspiração para derrubar o governo.
Desde a implementação da lei e as subsequentes reformas eleitorais, as especulações sobre o futuro do Partido Democrático têm sido constantes, alimentadas por inúmeras batidas policiais e prisões de militantes e seus familiares nos últimos anos.
md (AFP, EFE)
