* Atualizada em 12/02/19

Bem próxima da enorme cratera de impacto Hiawatha, descoberta por cientistas em 2018, 800 metros abaixo do manto de gelo no noroeste da Groenlândia, agora foi encontrada uma outra cratera pela NASA. Embora as duas grandes crateras estejam a menos de 200 quilômetros de distância, acredita-se que não tenham sido criadas no mesmo período. A segunda cratera parece ser muito mais antiga, com marcas de mais erosões, e contendo gelo mais antigo que o vizinho.

A primeira a ser encontrada, Hiawatha, foi também a primeira de seu gênero a ser encontrada sob um manto de gelo. Ela tem quase 31 quilômetros de largura e está entre as 25 maiores descobertas na Terra. Kurt Kjær, do Museu de História Natural da Dinamarca, em Copenhague, ressaltou no final de 2018 a raridade do evento ao lembrar que uma cratera do mesmo porte foi formada há 40 milhões de anos.

Já a cratera encontrada pela equipe da NASA foi medida usando dados de satélite e medições de radar feitas por aviões, possui mais de 36 km de largura e está enterrada abaixo de 2 km de gelo no noroeste da Groenlândia. Ela seria a 22a maior cratera da Terra.

 

Sobre a Hiawatha

A primeira suspeita sobre a existência da cratera surgiu em 2015, quando cientistas avistaram uma enorme depressão nas imagens de radar do leito rochoso sob a geleira Hiawatha feitas pela Nasa. Kjær foi o primeiro a imaginar se um meteorito poderia ser o culpado. A hipótese ganhou força com um novo sistema de radar de penetração de gelo operado a partir do ar. Em maio de 2016, os cientistas sobrevoaram a geleira Hiawatha e usaram o radar para mapear a rocha subjacente em detalhes inéditos.

A depressão aparentemente resultou da colisão com a ilha de um meteorito com 1,6 km de largura e 10 bilhões de toneladas, que viajava a 68.400 km/h. O impacto, há cerca de 12 mil anos, teria liberado uma energia 47 milhões de vezes maior que a da bomba lançada em Hiroshima em 1945. O choque teria derretido grandes quantidades de gelo, lançando água doce nos oceanos e fragmentos rochosos na atmosfera.

As imagens da pesquisa revelaram todas as marcas de uma cratera de impacto. A própria bacia tinha mais de 300 metros de profundidade, de acordo com um relatório publicado na revista “Science Advances”. Entre os sedimentos coletados na área havia partículas de quartzo impactadas e outros materiais produzidos tipicamente pela violência de uma colisão espacial. Testes geoquímicos dos grãos sugerem que o meteorito era feito de ferro.

Até agora, foi impossível estabelecer uma idade firme para a cratera, mas sua condição sugere que ela se formou depois que o gelo começou a cobrir a Groenlândia, cerca de 3 milhões de anos atrás. Mas a cratera pode ter surgido muito mais recentemente. As imagens de radar mostram que, enquanto as camadas superficiais da geleira imediatamente acima da cratera parecem normais, as mais profundas, com mais de 12 mil anos, são muito deformadas e cheias de rochas com dimensões maiores do que as de caminhões.