09/09/2020 - 9:02
Um relatório recente confirma que os mantos de gelo na Groenlândia e na Antártida, cujas taxas de perda de massa têm aumentado rapidamente, estão compatíveis com os piores cenários de aumento do nível do mar do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
O estudo, publicado na revista “Nature Climate Change”, compara os resultados do balanço de massa dos mantos de gelo de observações de satélite com projeções de modelos climáticos. Os resultados vêm de uma equipe internacional de cientistas da Universidade de Leeds (Reino Unido) e do Instituto Meteorológico Dinamarquês (DMI), que também fazem parte do Exercício de Intercomparação de Balanço de Massa do Manto de Gelo (Imbie).
O Imbie é uma colaboração científica internacional, estabelecida em 2011 como um esforço comunitário para reduzir as incertezas em diferentes medições baseadas em satélite do balanço de massa do manto de gelo. A iniciativa é cofinanciada pela Agência Espacial Europeia (ESA) e pela Nasa.
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Desde que o monitoramento sistemático dos mantos de gelo começou, no início de 1990, a Groenlândia e a Antártida juntas perderam 6,4 trilhões de toneladas de gelo entre 1992 e 2017. Esse volume elevou o nível do mar globalmente em 17,8 milímetros. Se essas taxas continuarem, os mantos de gelo deverão elevar o nível do mar em mais 17 centímetros até o final do século. Tal número indica expor mais 16 milhões de pessoas a inundações costeiras anuais.
Único recurso
Tom Slater, principal autor do estudo e pesquisador do clima no Centro de Observação e Modelagem Polar da Universidade de Leeds, comenta: “Os satélites são nosso único meio de monitorar rotineiramente essas áreas vastas e remotas. Por isso, são absolutamente essenciais para fornecer medições que podemos usar para validar modelos de manto de gelo. As observações de satélite não apenas nos informam quanto gelo está sendo perdido, mas também nos ajudam a identificar e compreender quais partes da Antártida e da Groenlândia estão perdendo gelo e por meio de quais processos. Ambos os dados são essenciais para nos ajudar a melhorar os modelos de manto de gelo”.
O Imbie usa dados de várias missões de satélite (como as missões ERS-1, ERS-2, Envisat e CryoSat da ESA, bem como a missão Copernicus Sentinel-1 da União Europeia) para monitorar mudanças no volume, fluxo e massa da camada de gelo. Marcus Engdahl, da ESA, afirma: “As observações de satélite mostram-nos que as camadas de gelo estão reagindo de forma surpreendentemente rápida às alterações ambientais. É vital que os cientistas tenham acesso aos dados de futuras missões de satélite que possam observar áreas polares, como as próximas missões candidatas de alta prioridade do Copernicus CRISTAL, ROSE-L e CIMR.”