14/06/2024 - 10:22
Um manuscrito de 1.600 anos que contém um trecho contando uma passagem da infância de Jesus foi descoberto pelo pesquisador brasileiro Gabriel Nocchi Macedo, da Universidade de Liége, na Bélgica, e o papirologista – especialista no estudo de documentos feitos em papiro – Lajos Berkes, da Universidade de Berlim, na Alemanha. As informações foram divulgadas na última terça-feira, 4.
O documento analisado pelos pesquisadores estava “abandonado” na Biblioteca Estadual Universitária Carl von Ossietzky, em Hamburgo, na Alemanha, e era visto por especialistas como um manuscrito de algo do cotidiano, como uma carta, por exemplo, pelo fato de a escrita ser considerada “desajeitada”. Entretanto, após análise, foi constatado que o papiro é o mais antigo a descrever uma passagem da infância de Jesus.
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O texto é um trecho apócrifo – não canonizado pela Igreja Católica – do Evangelho de Tomé que relata uma passagem em que Jesus, aos cinco anos de idade, estaria nas margens de um riacho e criando doze pardais a partir do barro. Posteriormente, José, seu pai, o questiona sobre o porquê de ele estar fazendo isso em um sábado, dia sagrado. Neste momento, o manuscrito afirma que a criança bate palmas e dá vida aos pássaros, que saem voando.
O papiro, que está parcialmente danificado, possui uma proporção de 11×5 centímetros e carrega 13 linhas escritas em grego antigo. O manuscrito teria sido escrito no Egito. “Primeiramente nós notamos a palavra “Jesus” no texto. Depois, comparando com outros documentos digitalizados, deciframos letra por letra”, pontuou o pesquisador Lajos Berkes.
Mesmo após ter as palavras traduzidas, os especialistas explicam que precisaram comparar a passagem com outros textos bíblicos e determinaram que o papiro era o mais antigo já encontrado a descrever a passagem do Evangelho de Tomé. As estimativas sugerem que o documento é original dos séculos IV d.C. e V d.C.
Os pesquisadores Berkes e Macedo especulam que o papiro foi criado como um exercício de escrita em uma escola ou monastério, já que possui linhas irregulares entre outras características que deixam o texto “desajustado”. “Nossas descobertas sugerem que o Evangelho de Tomé foi originalmente escrito em grego”, pontua Gabriel Nocchi Macedo.