Um estudo recente sugere um fato amplamente ignorado pelos livros de história clássica: mercenários do norte da Europa teriam lutado ao lado dos gregos contra os cartagineses nas batalhas ocorridas no ano 480 a.C. e no ano 409 a.C. De acordo com historiadores, os gregos venceram a primeira e perderam a segunda, ambas travadas em Hímera, na região norte da Sicília, que na época era ocupada pela Grécia.

Comparando o material genético de 30 ossadas de covas coletivas daquele período encontradas em Hímera com o de 96 indivíduos que hoje vivem na Itália ou na Grécia, um grupo internacional de pesquisadores verificou que o DNA de muitos daqueles esqueletos antigos é mais similar ao de povos que viviam mais ao norte e a leste da Europa e até na região central da Ásia (PNAS, 3 de outubro).

Coordenado pelo geneticista David Reich, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e pelos bioarqueólogos David Caramelli, da Universidade de Florença, na Itália, e Ron Pinhasi, da Universidade de Viena, na Áustria, o trabalho sugere que mercenários dessas regiões viajaram para o sul da Península Itálica para lutar ao lado do exército grego. Segundo os pesquisadores, o trabalho mostra o papel importante que os mercenários desempenharam nos exércitos gregos e destaca a relevância que as guerras tiveram na mobilidade dos povos no mundo clássico.

* Este artigo foi republicado do site Revista Pesquisa Fapesp sob uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o artigo original aqui