01/08/2007 - 0:00
Ian Stevenson – O caçador de vidas passadas
No Oriente e no Ocidente, desde a mais remota Antiguidade, diversas civilizações eram receptivas à idéia da reencarnação. O conceito de reencarnação é tão antigo que não deixa de ser, no mínimo, curiosa a demora da ciência em começar a investigar o assunto a sério. Seus indícios remontam há pelo menos 12 mil anos, em plena Idade da Pedra. O costume da época de enterrar mortos em posição fetal levou arqueólogos a concluir que a prática se referia à preparação dos corpos para o ingresso em uma nova vida.
Os antigos egípcios guardavam, dentro dos esquifes, textos que louvavam as qualidades dos mortos – uma tentativa de convencer o deus Osíris a lhes conceder novas encarnações. Segundo o historiador grego Heródoto, os egípcios consideravam que o ciclo integral de vidas pelo qual cada pessoa deveria passar durava cerca de três mil anos.
O Oriente possui registros bem antigos da crença na reencarnação. A mais remota menção formal sobre esse assunto é provavelmente a dos Upanixades, a parte final de um conjunto de cânticos tradicionais (vedas) dos sacerdotes árias, povo que invadiu a Índia por volta de 1500 a.C. Os Upanixades ensinam que na origem de cada ser humano há uma centelha de consciência espiritual (atman). Essa essência não morre e começa a sua existência como um ser ignorante. Seu aprendizado, até a conquista da maturidade espiritual, é feito no revestimento temporário da matéria, por meio de uma sucessão de renascimentos, provas e mortes.
Cada vida é vivida na forma de um ser adequado à sua aprendizagem, que pode ser vegetal, animal ou humano. O que vai determinar isso é o conjunto de ações e reações a elas – o carma. Existências marcadas por atos negativos e prejudiciais a outras criaturas humanas levam a um carma de mais sofrimento. Atos positivos funcionam no sentido contrário, elevando as condições interiores do ser. O fim dessa trajetória é a união definitiva com o mundo espiritual.
O budismo assimilou muitos conceitos do hinduísmo sobre o tema, mas produziu algumas diferenças importantes. Uma delas diz respeito à alma: para os budistas, ela não permanece imutável entre uma vida e outra – mistura outras características de caráter e personalidade, tais quais as mudanças que ocorrem no material genético transmitido de geração em geração.