18/07/2019 - 9:22
Estratégia usada por equipe internacional de cientistas pode beneficiar Brasil e outros países que sofrem com esses tipos de mosquitos
Mais de 90% de mosquitos transmissores de doenças com a dengue foram eliminados em um teste de campo na China, combinando duas técnicas que até agora, isoladamente, têm valor limitado. A estratégia, desenvolvida por uma equipe liderada por Zhidong Xi, do Centro Conjunto de Controle de Vetores de Doenças Tropicais da Universidade Sun Yat-sen e da Universidade de Michigan, incluiu pesquisadores da China, Austrália, Estados Unidos e Áustria, e o artigo a esse respeito foi divulgado na revista “Nature” e abordado na revista “Cosmos”.
Os mosquitos, todos da espécie Aedes albopictus (também conhecido como mosquito-tigre-asiático) – um parente do Aedes aegypti que também transmite os vírus da dengue, da zika e da chikungunya – foram infectados com bactérias e passaram por irradiação para reduzir sua capacidade de se procriarem.
No primeiro caso, foi utilizada a chamada técnica de insetos incompatíveis (IIT, na sigla em inglês). Insetos machos são infectados com a bactéria Wolbachia e depois soltos. Os acasalamentos que ocorrem com fêmeas de campo não estão infectadas com a mesma cepa de Wolbachia resultam estéreis.
A infecção praticamente não interfere nas capacidades de acasalamento e sobrevivência do macho. O possível problema é que a liberação acidental de fêmeas férteis pode levar a população de insetos a ser substituída, em vez de reduzida.
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O segundo caso é o da técnica de insetos estéreis (SIT, na sigla em inglês). Machos são artificialmente criados e esterilizados por radiação no campo para acasalar com fêmeas selvagens, impedindo-as de produzir descendentes viáveis. Bem-sucedida com outros insetos causadores de pragas, a SIT não era muito usada em mosquitos porque a irradiação reduzia a capacidade de acasalamento e sobrevivência do macho.
Quase 200 milhões de machos adultos irradiados criados a partir de uma linha de mosquitos infectados com Wolbachia foram liberados em áreas residenciais de duas ilhas fluviais isoladas em Guangzhou, a cidade com maior taxa de transmissão de dengue na China, na qual o Aedes albopictus é o único vetor. Segundo os pesquisadores, a queda anual observada no número de mosquitos selvagens ficou entre 83% e 94%.
“Nosso estudo prevê que os custos futuros globais de uma intervenção totalmente operacional usando essa abordagem ambientalmente amigável serão em torno de US$ 108 por ano, o que parece aceitável em comparação com outras estratégias de controle de mosquitos”, afirma Xi.