09/12/2019 - 13:01
O microrganismo Metallosphaera sedula pode absorver e processar material extraterrestre, afirma uma equipe internacional de cientistas. Liderado pela astrobióloga Tetyana Milojevic, da Universidade de Viena (Áustria), o grupo examinou impressões digitais microbianas em materiais de meteoritos. Os pesquisadores também concluíram que o M. sedula coloniza minerais de meteoritos mais rapidamente do que os de origem terrestre. Os resultados foram publicados na revista “Scientific Reports”.
Os microrganismos capazes de interagir com rochas e se alimentar delas derivam sua energia de fontes inorgânicas. A pesquisa sobre os processos fisiológicos desses seres – que aparecem em meteoritos – fornece novas ideias sobre o potencial de materiais extraterrestres como fonte de nutrientes e energia acessíveis para os microrganismos da Terra primitiva. Os meteoritos podem ter trazido uma variedade de compostos essenciais que facilitam a evolução da vida como a que conhecemos na Terra.
Tetyana Milojevic e seus colegas exploraram a fisiologia e a interface metal-microbiana da arqueia (domínio de seres vivos morfologicamente semelhantes às bactérias, mas genética e bioquimicamente distintos delas) metalofílica extrema Metallosphaera sedula, vivendo e interagindo com material extraterrestre, o meteorito Northwest Africa 1172 (NWA 1172). A avaliação da biogênese baseada em materiais extraterrestres fornece uma fonte valiosa de informações para explorar a suposta química bioinorgânica extraterrestre que pode ter ocorrido no Sistema Solar.
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Rapidez
Células de M. sedula colonizam o material meteorítico muito mais rapidamente do que os minerais de origem terrestre. “A condição dos meteoritos parece ser mais benéfica para esse microrganismo antigo do que uma dieta em fontes minerais terrestres”, observa Tetyana Milojevic. O NWA 1172 é um material multimetálico, que pode fornecer muito mais traços de metais para facilitar a atividade metabólica e o crescimento microbiano. Além disso, a porosidade do NWA 1172 “também pode refletir a taxa de crescimento superior de M. sedula”, afirma a astrofísica.
“Nossas investigações validam a capacidade do M. sedula de realizar a biotransformação de minerais de meteoritos, desvendar impressões digitais microbianas deixadas no material de meteoritos e fornecer o próximo passo para uma compreensão da biogeoquímica de meteoritos”, conclui Milojevic.