18/07/2025 - 7:29
Diferença se deve principalmente a menor acesso a trabalhos que pagam salários mais altos, segundo pesquisa. Entre os migrantes de segunda geração, diferença foi de 7,7%.Os trabalhadores estrangeiros na Alemanha ganhavam em 2017 cerca de 20% menos do que os alemães nativos, segundo uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (16/07) na revista científica Nature.
O estudo concluiu que a principal razão para essa diferença não é porque os trabalhadores estrangeiros recebiam salários injustos pelo mesmo trabalho, e sim porque muitas vezes não tinham acesso aos trabalhos que pagam salários mais altos.
O estudo foi realizado por 15 pesquisadores de diversos países, e analisou as diferenças salariais entre nativos e estrangeiros em nove países do Ocidente: Alemanha, Canadá, Dinamarca, França, Holanda, Noruega, Espanha, Suécia e Estados Unidos.
Em média, a diferença salarial entre trabalhadores estrangeiros e nativos foi de 17,9%. Três quartos dessa diferença se devem ao acesso limitado a setores, cargos e empregadores que pagam melhores salários. O outro quarto é consequência de pagamento desigual dentro de uma mesma função.
Na Alemanha, a diferença salarial entre os migrantes de primeira geração e os alemães nativos foi de 19,6%,
Embora todos os países pesquisados apresentassem diferenças de renda entre migrantes e nativos, países como Suécia e Canadá estavam conseguido diminuir a diferença mais rapidamente, especialmente entre os migrantes de segunda geração.
Na Alemanha, a diferença salarial para os migrantes de segunda geração foi de, em média, de 7,7% – acima da média de 5,7% dos nove países pesquisados. Os descendentes de migrantes da África e do Oriente Médio são os mais desfavorecidos no conjunto de países pesquisados.
“Integração consiste principalmente em quebrar as barreiras estruturais para acessar empregos bem remunerados”, disse um dos coautores do estudo, Malte Reichelt, do Instituto de Pesquisa sobre o Mercado de Trabalho e Emprego (IAB) de Nuremberg.
O relatório destaca alguns fatores-chave para melhorar o acesso dos migrantes a posições com melhores salários: apoio no ensino do idioma, reconhecimento de diplomas e certificados estrangeiros, expansão de redes profissionais e melhor compartilhamento de informações.
Entre os migrantes de primeira geração, as maiores disparidades salariais foram encontradas na Espanha (29,3%) e no Canadá (27,5%), seguidos pela Noruega (20,3%), Alemanha (19,6%) e França (18,9%). Os EUA, a Dinamarca e a Suécia relataram diferenças significativamente menores.
O Canadá lidera o progresso geracional, com uma diferença salarial de apenas 1,9% para os migrantes de segunda geração. Em contrapartida, a Noruega ainda apresenta uma disparidade de 8,7%.
Para algumas nacionalidades, renda mediana supera a de alemães
A diferença salarial entre nativos e estrangeiros varia de acordo com a nacionalidade dos migrantes. Uma outra pesquisa, do Instituto da Economia Alemã (IW), em Colônia, divulgada em dezembro, apontou que estrangeiros de alguns países que moram e trabalham na Alemanha em tempo integral com recolhimento de seguridade social recebiam no final de 2023 uma renda mediana superior à de alemães.
A renda mediana é o valor recebido por alguém que está exatamente no centro da distribuição de um grupo. Ela difere da renda média, que é a soma da renda de todas as pessoas de um grupo dividida pelo número de pessoas.
Segundo o estudo, entre todos os imigrantes na Alemanha, a renda mediana no final de 2023 foi de 3.034 euros, cerca de 900 euros abaixo da renda mediana dos alemães, de 3.945 euros (23% a menos).
No entanto, estrangeiros de algumas nacionalidades tinham renda mediana maior que à de alemães, como franceses (4.407 euros), belgas, holandeses e luxemburgueses (4.466 euros), brasileiros (4.565 euros), suíços (4.589 euros), chineses (4.728), americanos (5.095 euros) e indianos (5.359 euros)
Entre as nacionalidades com renda mediana mais baixa estavam os imigrantes da Síria (2.657 euros), Romênia (2.611 euros) e Bulgária (2.520 euros). O IW afirma que isso ocorre pois uma alta proporção dos imigrantes desses países trabalha no setor de cuidado, que paga salários mais baixos.
bl (dpa, ots)