Olaf Scholz demite o ministro das Finanças, o liberal Christian Lindner – figura-chave da coalizão que sustenta o governo. Em mensagem dura, Scholz acusou ex-aliado de egoísmo e disse que não havia mais confiançaA coalizão que governa a Alemanha começou a desmoronar na noite desta quarta-feira (06/11), após o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD), exonerar o ministro das Finanças, Christian Lindner, que também é presidente do Partido Liberal Democrático (FDP).

O anúncio foi feito após uma reunião entre Scholz, Lindner e o ministro da Economia, Robert Habeck, do Partido Verde. As três legendas formam a coalizão que sustenta o governo alemão, e vêm há meses enfrentando dificuldades para chegar a acordos necessários.

Num anúncio na televisão na noite desta quarta, Scholz explicou as razões da demissão e dirigiu palavras duras ao ministro.

“Precisamo de um governo que possa agir”, disse Scholz, que acrescentou que estava farto com o comportamento intransigente de Lindner em relação aos planos econômicos do governo. “Não posso mais esperar que o país tolere tal comportamento. Caros cidadãos, eu teria preferido poupá-los dessa decisão”, disse Scholz.

“O ministro Lindner quebrou minha confiança com muita frequência. Não há base para confiança”, afirmou o chanceler federal. “Ele só está preocupado com a sobrevivência de curto prazo de seu próprio partido. Tal egoísmo é incompreensível.”

Após a saída de Lindner, a expectativa é se os outros três ministros do FDP – que comandam as pastas da Justiça, Transporte e Digitalização, e Educação e Pesquisa – também deixarão o governo.

Sem o FDP, porém, o governo alemão não terá maioria no Parlamento. Nesse caso, seria possível convocar novas eleições para reequilibrar a correlação de forças no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento, e nomear um novo chanceler federal. Ou Scholz poderia seguir no cargo fazendo um governo de minoria.

Segundo relatos da imprensa alemã, na reunião desta quarta-feira, Lindner propôs a Scholz a antecipação das eleições nacionais para janeiro de 2025. O chanceler federal rechaça a ideia, mas anunciou que pedirá ao Parlamento que proceda a um voto de confiança sobre seu governo, no dia 15 de janeiro. O novo pleito está agendado para setembro de 2025.

Crise prolongada

A coalizão que governa a Alemanha, conhecida como semáforo devido às cores dos partidos que a integram, não consegue chegar a um acordo sobre como cobrir um buraco do Orçamento de 2025 e sobre políticas públicas cruciais para revigorar a economia.

O atual governo nunca foi tão impopular: tem 14% de aprovação, cinco pontos percentuais a menos que no início de outubro. Os que desaprovam ou estão pouco satisfeitos com o governo somam 85%, sendo que a desaprovação sozinha aumentou oito pontos percentuais em relação à última pesquisa.

No início de novembro, pela primeira vez desde a ascensão de Scholz ao posto, uma maioria de 54% dos eleitores afirma querer antecipar as eleições para o Parlamento. O índice de aprovação do próprio Scholz é de 19% – igual ao de Lindner e muito próximo de Habeck, que caiu oito pontos percentuais e foi a 20%.

A perspectiva é sombria para os três partidos, mas para o FDP é uma questão de sobrevivência. O partido liberal oscila entre 3% e 5% nas sondagens, o que significa que corre o risco de ficar de fora do Parlamento, já que 5% dos votos é o mínimo necessário para obter representação parlamentar na Alemanha.

Mais informações em instantes.

bl (ots)