Um estudo publicado na segunda-feira, 7, no Proceedings of the National Academy of Sciences (publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos), encontrou minerais ricos em carbono que indicam uma grande quantidade de evaporação de água da superfície. Os cientistas utilizaram o rover espacial Curiosity da NASA para analisar as evidências da cratera Gale com a intenção de descobrir mais informações sobre as mudanças climáticas que transformaram o planeta vermelho inóspito para a vida terrestre.

Pela análise dos isótopos (variantes de um mesmo elemento químico) de minerais ricos em carbono (carbonatos) encontrados na cratera, os cientistas descobriram que a composição da atmosfera do planeta foi alterada. “Os valores isotópicos desses carbonatos apontam para grandes quantidades de evaporação, sugerindo que esses carbonatos provavelmente se formaram em um clima que só poderia sustentar água líquida temporariamente”, disse David Burtt, do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA em Greenbelt, e autor da pesquisa.

Por meio dos compostos é possível analisar o registro climático do planeta no passado, permitindo a visualização de como era a temperatura, a acidez e a composição da água e da atmosfera. “Ciclos de umidade e secura indicariam alternância entre ambientes mais e menos habitáveis, enquanto temperaturas criogênicas nas latitudes médias de Marte indicariam um ambiente menos habitável, onde a maior parte da água está presa em gelo e não está disponível para reações químicas ou biológicas, e o que há é extremamente salgado e desagradável para a vida”, comentou Jennifer Stern, coautora do artigo.

A partir do estudo das amostras, os pesquisadores chegaram a duas hipóteses: os carbonatos se formam através de ciclos de umidade e seca na cratera Gale ou os compostos se formam em água muito salgada sob condições de formação de gelo.