18/01/2021 - 0:01
Uma nevasca recorde atingiu a costa oeste do Japão neste inverno, mas ainda assim boa parte da metade oriental do país não recebeu um grande acúmulo de neve na estação. O site Earth Observatory, da Nasa, observou que o fenômeno afetou inclusive uma das maiores atrações japonesas: a icônica capa de neve do Monte Fuji. Normalmente visível ao longo de dezembro, ela tem estado pequena ou até ausente este ano.
O pico desse vulcão, a mais alta montanha do arquipélago japonês, recebeu em 28 de setembro de 2020 sua primeira nevasca daquele ano. Mas ela derreteu rapidamente, e a capa de neve do Fuji permaneceu indefinida nos meses seguintes. As observações do Índice de Diferença Normalizada de Neve (Normalized Difference Snow Index, ou NDSI) do satélite Terra, da Nasa, indicam que a cobertura de neve na montanha no mês passado estava entre as mais baixas no registro de 20 anos do satélite para qualquer mês de dezembro.
- Erupção de vulcão no Alasca causou frio extremo na Roma antiga
- Grupos humanos sobreviveram a supererupção vulcânica há 74 mil anos
Temperaturas mais elevadas
As estações meteorológicas terrestres fizeram observações semelhantes. “As estações ao redor do Monte Fuji registraram muito menos precipitação do que o normal em dezembro”, disse Toshio Iguchi, um cientista de sensoriamento remoto baseado no Goddard Space Flight Center da Nasa. “Até 24 de dezembro, era apenas 10% de um ano médio.” Os dados meteorológicos também indicam que as temperaturas ao redor da montanha foram quentes durante grande parte de dezembro.
Nas imagens acima, as encostas superiores nuas da montanha eram visíveis para o Operational Land Imager (OLI), no satélite Landsat 8, em 1º de janeiro de 2021. Como comparação, a outra imagem, também adquirida pelo OLI, mostra o Monte Fuji em 29 de dezembro de 2013, em um dia com mais neve. A montanha teve uma quantidade de neve ligeiramente acima da média em dezembro de 2013, de acordo com as observações do NDSI do Terra.
Condições em mudança
Perto do fim de dezembro de 2020, a montanha finalmente recebeu um pouco de neve. Mas o tempo ainda mais frio de janeiro não garantia que a neve duraria. Depois de alguns dias, a camada de neve foi muito reduzida à medida que as temperaturas subiram acima de zero. E parte da camada de neve provavelmente foi levada pelo vento, de acordo com o site Weather News.
Embora as condições climáticas locais sejam essenciais para determinar se a cobertura de neve do Fuji está presente em um determinado dia, os dados climáticos de longo prazo indicam que as condições no pico estão mudando. Um estudo recente descobriu que a linha da floresta da montanha subiu 30 metros nas últimas quatro décadas, provavelmente devido a um aumento de 2 graus Celsius nas temperaturas de verão perto do pico.