Após megaoperação policial na Zona Norte do Rio, moradores do Complexo da Penha retiram dezenas de corpos de mata. Essas mortes não estariam contabilizadas em balanço oficial da operação.Moradores do Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, levaram na manhã desta quarta-feira (29/10) mais de 60 corpos, retirados de uma área de mata, para a Praça São Lucas, no centro da comunidade, onde ficaram expostos para registro da imprensa e depois foram cobertos com lençóis. A ação ocorre um dia depois da operação policial mais letal do Rio de Janeiro.

Os corpos, todos de homens, estavam no chão, lado a lado, à vista de moradores e jornalistas que chegavam ao local. A comunidade aguarda a retirada dos corpos pelo Instituto Médico-Legal (IML).

O Complexo da Penha foi alvo de uma megaoperação policial nesta terça-feira, que oficialmente resultou em 64 mortos – 60 suspeitos e 4 policiais. De acordo com os moradores, os corpos reunidos na praça não fazem parte da contagem oficial.

Durante a noite, mais seis corpos encontrados em área de mata no Complexo do Alemão foram levados para o Hospital Getúlio Vargas. A operação de resgate, realizada em áreas de mata próximas à comunidade, foi liderada principalmente por mulheres em busca de seus companheiros, irmãos ou filhos.

Ao G1, o secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, disse que os corpos levados à praça não constavam dos números oficiais e acrescentou que será feita uma perícia para verificar se as mortes tem relação com a operação.

Se essa informação for confirmada, o número de mortos na operação deve passar de 100.

Corpos retirados de área de confronto

O site de notícias G1 informou que os corpos estavam na área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, onde se concentraram os confrontos entre as forças de segurança e traficantes. Moradores afirmaram aos repórteres do G1 que ainda há cadáveres no alto do morro.

O ativista Raull Santiago, morador do complexo, fez uma transmissão ao vivo e denunciou a “chacina que entra para a história do Rio de Janeiro, do Brasil e marca com muita tristeza a realidade do país.”

Segundo o relatório oficial divulgado na noite de terça-feira, a operação deixou 64 mortos, 11 feridos, incluindo 8 policiais, e resultou em 81 prisões.

A megaoperação mobilizou cerca de 2.500 agentes e teve como objetivo cumprir cem mandados de prisão contra membros do Comando Vermelho, um dos principais grupos criminosos do Brasil.

Os narcotraficantes responderam bloqueando diversas vias na Zona Norte do Rio, região onde a operação ocorreu.

As operações e os bloqueios causaram interrupções no serviço de cerca de cem linhas de ônibus e o fechamento de dezenas de escolas e postos de saúde.

Nesta quarta-feira, a cidade amanheceu sem novos bloqueios e com o trânsito normalizado.

as (Agência Brasil, Efe, OTS)