A inscrição mais antiga da sociedade declarando Jesus como Deus foi descoberta sob o chão de uma prisão israelense. O mosaico, encontrado por um detento, foi considerado a maior descoberta desde os Manuscritos do Mar Morto – atualmente a peça está exposta no museu de Washington DC, Estado Unidos.

A escrita datada há 1.800 anos possui cerca de 55 metros quadrados e se traduz para: “O amante de Deus Akeptous ofereceu a mesa a Deus Jesus Cristo como um memorial”. Os pesquisadores dizem que o objeto decorou o primeiro salão de orações do mundo em 230 d.C., comprovando que desde o inicio a crença já existia.

Além da frase, o mosaico é adornado com algumas imagens de peixes, que os especialistas acreditam fazer referência à história de Lucas 9:16 – quando Jesus multiplicou dois peixes para alimentar uma multidão de 5 mil pessoas.

“Nós realmente estamos entre as primeiras pessoas a ver isso, a vivenciar o que há quase 2.000 anos foi criado por um homem chamado Brutius, o incrível artesão que colocou o piso aqui”, disse Carlos Campo, CEO do museu norte-americano, na exposição de abertura.

O Mosaico de Megido foi encontrado no Vale de Jezreel, local no qual os cristãos acreditam que ocorrerá a batalha final do Armagedon bíblico. As escavações foram conduzidas por arqueólogos da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA). A operação levou cerca de quatro anos para que a peça fosse completada.

A investigação revelou que o artefato inclui o nome do oficial romano que encomendou a peça, confirmando que romanos e cristãos coexistiram em certos momentos, apesar dos inúmeros conflitos entre as populações – um acampamento romano foi encontrado nas proximidades. As escrituras também apresentam o nome de cinco mulheres, o que destaca o papel desempenhado por elas na antiga sociedade – mas não há indícios completos sobre os motivos delas serem mencionadas.

“Verdadeiramente, o mosaico apresenta uma riqueza de novos dados para os historiadores da igreja, assim como os Manuscritos do Mar Morto fizeram para os estudiosos da Bíblia”, explicou Bobby Duke, diretor da Iniciativa de Acadêmicos do Museu da Bíblia.

Após a descoberta, o departamento de conservação do IAA limpou e estabilizou o mosaico, além de rejuntar e realocar os detalhes soltos. A equipe teve que separar o chão, colocando as partes em 11 caixas que foram enviadas para os EUA no início deste ano. O Mosaico de Megido retornará a Israel após a conclusão da exibição, no final de 2025, e ficará em exposição permanente onde foi encontrado.

Apesar do prestígio da instituição, muitos criticaram o empréstimo das peças ao museu norte-americano, já que nos últimos anos muitos de seus objetos de exposição tiveram que ser devolvidos aos donos originais, como a centenária tábua mesopotâmica. Além disso, a organização foi forçada a admitir que vários fragmentos dos Manuscritos do Mar Morto em exibição eram falsificações modernas.

“Embora alguns dos fundadores e ações do museu sejam questionáveis, e o museu claramente tenha uma agenda muito ideológica, não acho que uma agenda ‘purista’ seja muito útil aqui. Desde que tudo seja feito conforme a lei, não vejo problema”, completou o professor Aren Maeir, arqueólogo da Universidade Bar-Ilan, em entrevista ao site Haaretz.