12/04/2023 - 10:45
A crise climática é uma ameaça direta a países insulares e cidades costeiras em todo o planeta, por ter como um de seus efeitos a elevação do nível dos oceanos. E esse aumento está acelerado nas costas do sudeste dos Estados Unidos e da parte estadunidense do Golfo do México – onde estão grandes concentrações urbanas como Miami, Houston e Nova Orleans.
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Nessas regiões, o mar subiu em velocidade recorde nos últimos 12 anos, numa elevação sem precedentes em pelo menos 120 anos. É o que conclui um estudo liderado por cientistas da Universidade Tulane e publicado na Nature Communications.
Os pesquisadores dizem ter detectado taxas de aumento do nível do mar de cerca de meia polegada (cerca de 1,25 cm) por ano desde 2010. É mais que o dobro da média global registrada no período, de 0,17 polegada anual (0,4 cm), informa o Guardian.
Triplo da média mundial no período
A drástica elevação é atribuída pelos pesquisadores às mudanças climáticas provocadas pelo homem, associadas à variabilidade climática natural, informa o phys.org. “Essas taxas rápidas não têm precedentes pelo menos no século 20, e foram três vezes maiores que a média global no mesmo período”, explicou Sönke Dangendorf, professor assistente do Departamento de Ciência e Engenharia Fluvial e Costeira da Universidade Tulane, que lidera a pesquisa.
O aumento do nível do mar no sudeste estadunidense tem outro efeito além de possíveis inundações. O Washington Post menciona outro estudo, publicado no Journal of Climate, que sugere que furacões devastadores recentes, incluindo o Michael em 2018 e o Ian no ano passado, foram agravados por um oceano que sobe mais rápido. Vale lembrar que o Ian causou mais de US$ 113 bilhões em danos – a terceira tempestade mais cara da história dos Estados Unidos, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês).
Os dados do medidor de maré no lago Pontchartrain, em Nova Orleans, indica que o nível do mar é 20 centímetros mais alto do que em 2006, logo após o furacão Katrina.
Impacto sentido
“Toda a costa sudeste e a costa do Golfo estão sentindo o impacto da aceleração do aumento do nível do mar”, disse Jianjun Yin, cientista do clima da Universidade do Arizona e autor da pesquisa sobre o agravamento dos furacões provocado pela elevação oceânica.
Yin calcula a taxa de aumento do nível do mar na região em quase 5 polegadas (quase 13 cm) de 2010 a 2022. Também é mais que o dobro da taxa média global, de cerca de 5,4 cm no período, com base em observações de satélite feitas por especialistas da Universidade do Colorado.
National Geographic, Yahoo, ABC News e CNN também noticiaram as pesquisas.
Em tempo: A Colômbia iniciou os debates sobre um projeto de lei destinado a apoiar refugiados climáticos e pode se tornar o primeiro país da América Latina a ter uma legislação do tipo. A proposta dos legisladores Julia Miranda (Novo Liberalismo), Duvalier Sánchez (Aliança Verde) e Daniel Carvalho (Independente) sugere que o governo colombiano “reconheça a existência de deslocamento interno forçado por causas associadas à mudança climática e à degradação ambiental”, informa o El Pais.