25/05/2022 - 8:40
Uma análise feita por cientistas do grupo World Weather Attribution (WWA) mostrou que o calor extremo que atinge boa parte da Índia e do Paquistão nas últimas semanas tornou-se 30 vezes mais provável por causa das mudanças climáticas. Desde março, a porção ocidental do subcontinente indiano, no sul da Ásia, sofre com temperaturas muito acima da média histórica, o que vem desencadeando problemas de abastecimento de água e energia, além do derretimento de geleiras glaciais na região do Himalaia, causando o colapso de reservatórios e a inundação de aldeias.
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De acordo com a análise, um evento da mesma natureza em condições pré-industriais teria sido cerca de 1ºC mais frio em comparação com o que se experimenta atualmente na Índia e no Paquistão. Além disso, projeções de aquecimento futuro indicam que ondas de calor podem se tornar ainda mais frequentes nas próximas décadas se o planeta continuar em uma trajetória de aquecimento acima dos 2ºC em relação aos níveis pré-industriais até o final deste século.
Onda de calor seca
“É importante notar que esta onda de calor precoce foi acompanhada por chuvas e umidade muito abaixo da média e, portanto, constituiu uma onda de calor seca, tornando a umidade muito menos importante para os impactos na saúde do que as ondas de calor que ocorrem no final da temporada e nas áreas costeiras”, destacou o estudo. Os autores também alertaram para a necessidade de se avançar com medidas de adaptação em um cenário no qual eventos desse tipo se tornem mais frequentes, o que é crônico em países extremamente desiguais, como é o caso de Índia e Paquistão. “Mitigar ainda mais o aquecimento é essencial para evitar a perda de vidas e meios de subsistência”.
Guardian, NY Times, Reuters e Washington Post repercutiram o estudo, que também teve destaque no EcoDebate.
Em tempo: Ainda sobre clima extremo, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos projetou que a temporada 2022 de tempestades tropicais no Atlântico será a 7ª seguida com eventos acima da média histórica. Segundo a NOAA, existe 65% de chance de uma temporada acima do normal, com um total de tempestades nomeadas de 14 a 21, dos quais seis a dez podem se tornar furacões, incluindo três a seis de grande porte (categorias 3, 4 e 5). Reuters, Wall Street Journal e Washington Post repercutiram a informação.