A educação é uma das formas mais poderosas de melhorar a saúde das pessoas. Ela salva a vida de milhões de mães e crianças, ajuda a prevenir e a tratar doenças e é um elemento essencial na redução da desnutrição. Pessoas instruídas são mais bem informadas sobre doenças, tomam medidas preventivas, reconhecem sintomas precocemente e tendem a usar serviços de saúde com mais assiduidade. Apesar de benefícios óbvios, a educação é negligenciada como uma intervenção vital na saúde e como meio de tornar mais efetivas outras mudanças sociais. 

Há poucos exemplos tão dramáticos do poder da educação quanto a estimativa de que, entre 1990 e 2009, a vida de 2,1 milhões de crianças menores de 5 anos foi salva por avanços na educação de mulheres em idade  reprodutiva. 

Ainda assim, o desafio é enorme. Em 2012, 6,6 milhões de crianças menores de 5 anos morreram, a maioria das quais  em países de renda baixa e média baixa. Se todas as mulheres desses países tivessem concluído a educação primária (cinco anos de ensino fundamental), a taxa de mortalidade infantil cairia 15%. Se completassem a educação secundária, a queda seria de 49%, salvando 2,8 milhões de vidas por ano.

Cerca de 40% dos casos de mortalidade antes dos 5 anos de idade ocorrem nos primeiros 28 dias de vida, em sua maioria por causa de complicações no parto. No entanto, estimativas recentes indicam a ausência de profissionais qualificados em mais da metade dos partos na África Subsaariana e no sul da Ásia. Em 57 países de renda baixa e média, mães alfabetizadas tiveram uma probabilidade 23% maior de terem seus partos acompanhados por profissionais qualificados do que as mães analfabetas. 

Prevenção facilitada

Mães instruídas têm mais informação sobre doenças específicas, podendo tomar medidas preventivas. A pneumonia, principal causa da mortalidade infantil, responde por 17% do total de mortes no mundo. Um ano adicional de instrução da mãe pode levar a uma queda de 14% na taxa de mortalidade por pneumonia, o que equivale a salvar a vida de 160 mil crianças todos os anos. A diarreia é a quarta maior causa de mortalidade infantil, responsável por 9% das mortes.

Se todas as mulheres concluíssem a educação primária, a incidência de diarreia cairia 8% nos países de renda baixa e média; com a educação secundária, diminuiria 30%. A probabilidade de uma criança ser vacinada contra difteria, tétano e coqueluche aumentaria 10% se todas as mulheres dos países de renda baixa e média baixa concluíssem a educação primária, e 43% se completassem a educação secundária. 

A educação das mães é crucial, tanto para sua própria saúde quanto para a dos filhos. Todos os dias, quase 800 mulheres morrem de causas evitáveis ligadas à gravidez e ao parto. Se todas as mulheres concluíssem a educação primária, haveria 66% menos mortes maternas, salvando-se 189 mil vidas por ano. Apenas na África Subsaariana, se todas as mulheres completassem a educação primária, haveria 70% menos mortes maternas, salvando-se 113,4 mil vidas de mulheres. 

Melhorar a educação é uma forma poderosa de ajudar a reduzir a incidência de doenças infecciosas, como o HIV/Aids. A educação aumenta a prevenção da doença. No sul e no oeste da Ásia, bem como na África Subsaariana, mulheres alfabetizadas têm uma probabilidade 30% maior do que as analfabetas de saber que têm o direito de recusar sexo ou exigir o uso de preservativo (se souberem que o parceiro tem uma doença sexualmente transmissível). Saber onde é realizado o teste para HIV é o primeiro passo para se receber tratamento, caso necessário. No entanto, apenas 52% das mulheres analfabetas da África Subsaariana sabem onde realizar esse teste, ante 85% das alfabetizadas.

A educação – sobretudo a que assiste as mulheres – é fundamental no combate à desnutrição, causa indireta de mais de 45% das mortes infantis. Mães instruídas têm maior probabilidade de conhecer as medidas de saúde e higiene adequadas para serem usadas em casa e têm maior poder para garantir que os recursos domésticos sejam alocados de modo a atender às necessidades nutricionais das crianças. Em países de renda baixa e média baixa, a educação primária de todas as mulheres reduziria o nanismo – um forte indicador de desnutrição – em 4%, ou 1,7 milhão de crianças.Já com a educação secundária completa, a redução seria de 26%, ou 11,9 milhões de crianças.