29/12/2014 - 2:02
A difusão da tecnologia cresce nos países ricos e aumenta a concentração do conhecimento.
Mais de 50% dos habitantes do planeta terão acesso à internet nos próximos três anos, com a banda larga móvel de smartphones e tablets sendo agora a tecnologia de crescimento mais rápido na história da humanidade, de acordo com a edição de 2014 do relatório The State of Broadband.
Lançado em setembro em Nova York, no décimo encontro da Comissão da Banda Larga para o Desenvolvimento Digital, o estudo revela que mais de 40% da população mundial já está online, com o número de usuários de internet tendo aumentado de 2,3 bilhões, em 2013, para 2,9 bilhões, em 2014.
Até o fim desse ano, mais de 2,3 bilhões de pessoas acessarão a banda larga móvel, número que aumentará de forma vertiginosa para 7,6 bilhões em cinco anos. Hoje, a quantidade de conexões de banda larga é três vezes maior do que a de assinaturas de banda larga fi xa convencional. A popularidade de aplicativos de mídias sociais que usam banda larga continua a aumentar, com 1,9 bilhão de pessoas participando ativamente das redes sociais.
Elaborado anualmente pela Comissão de Banda Larga, o relatório é um retrato mundial único sobre a disponibilidade e o acesso à rede de banda larga, com dados por país que mensuram o acesso à banda larga em relação às principais metas de defesa, estabelecidas pelos 54 membros da comissão. Já em sua terceira edição, é o único trabalho do gênero que contém rankings sobre disponibilidade e acesso à banda larga de mais de 160 países.
A Coreia do Sul continua a ter o maior índice mundial de penetração de banda larga doméstica: mais de 98%, ante 97% do ano passado. Mônaco ultrapassou o líder do ano passado, a Suíça, como o campeão
mundial em penetração de banda larga fi xa, com mais de 44% da população benefi ciada. Em 2014, há quatro países (Mônaco, Suíça, Dinamarca e Países Baixos) nos quais a penetração é maior do que 40%, ante apenas um (Suíça) em 2013.
Os Estados Unidos estão na 19ª posição em termos de número de pessoas online, acima de outros países da OCDE, como Alemanha (20º) e Austrália (21º), mas atrás de Reino Unido (12º), Japão (15º) e Canadá (16º). Os EUA caíram da 20ª para a 24ª posição de assinaturas de banda larga fi xa per capita, logo atrás do Japão, mas à frente de Macau (China) e Estônia.
Liderança europeia
Há 77 países nos quais mais de 50% da população está online, ante 70, em 2013. Os dez primeiros países no ranking de uso da internet são todos da Europa. A Islândia é a líder mundial, com 96,5% de pessoas online. Os menores níveis de acesso à internet estão na África Subsaariana, onde a internet está disponível para menos de 2% da população, nos seguintes países: Etiópia (1,9%), Níger (1,7%), Serra Leoa (1,7%), Guiné (1,6%), Somália (1,5%), Burundi (1,3%), Eritreia (0,9%) e Sudão do Sul (dados não disponíveis). A lista dos dez países menos conectados inclui ainda Myanmar (1,2%) e Timor Leste (1,1%).
“Apesar do crescimento extraordinário da internet e de seus muitos benefícios, ainda existem pessoas demais desconectadas nos países em desenvolvimento”, disse a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, que é vice-presidente da Comissão, juntamente com Hamadoun I. Touré, secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações (UIT). “Fornecer acesso à internet para todas as pessoas, em todos os lugares, requer investimento e uma liderança política determinada. Além de centrarmos foco na infraestrutura e no acesso, também devemos promover o conhecimento sobre os direitos e a diversidade de conteúdo, para permitir que mulheres e homens se empenhem na construção e na participação nas sociedades do conhecimento.”
“Enquanto visamos aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) pós-2015, é imperativo que não nos esqueçamos daqueles que estão sendo deixados para trás”, afi rmou o secretário-geral da UIT. “A abrangência da banda larga está se ampliando, mas é inaceitável que Manifestantes iluminam smartphones em protesto democrático na Hong Kong chinesa, em outubro. 90% da população dos 48 países menos
desenvolvidos do mundo permaneça totalmente desconectada.”
Com a internet de banda larga sendo atualmente reconhecida como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento social e econômico, é preciso transformar a conectividade em uma prioridade-chave, sobretudo nos países mais pobres do mundo. “Conectividade não é um luxo para os ricos; pelo contrário, é a ferramenta mais poderosa que a humanidade jamais teve à sua disposição, para preencher lacunas de desenvolvimento em áreas como saúde, educação, gestão ambiental e empoderamento de gênero”, ressalta Touré.