14/10/2025 - 13:48
Cerca de 8,1 milhões de hectares foram destruídos permanentemente, segundo o relatório “Forest Declaration Assessment”. Saldo afasta planeta da meta de zerar o desmatamento até 2030.O mundo perdeu uma área de floresta quase do tamanho do estado de Santa Catarina em 2024, com a destruição permanente de cerca de 8,1 milhões de hectares e a degradação de outros 8,8 milhões de hectares de florestas tropicais, segundo o mais novo relatório “Forest Declaration Assessment”.
Liderado pela sociedade civil, organizações de pesquisa e associações, o estudo aponta que o ritmo de desmatamento no ano passado compromete, e muito, a meta global de reverter o fenômeno até 2030.
“‘As florestas globais permanecem em crise’ não é a manchete que gostaríamos de escrever em 2025”, apontam os autores do estudo.
Na Conferência do Clima da ONU em Glasgow, em 2021, mais de 140 países se comprometeram a interromper a destruição global das florestas até 2030 e restaurar 350 milhões de hectares de paisagens e florestas degradadas até lá.
Porém, segundo o relatório, “estamos fora de rota para deter e reverter o desmatamento até 2030” — e isso em grande parte graças à expansão da agricultura e aos incêndios florestais.
De acordo com especialistas, as florestas são inegociáveis na manutenção de um planeta saudável. “Elas são meio de subsistência para mais de um bilhão de pessoas, abrigo para mais de 80% das espécies de animais do planeta e ajudam a estabilizar o clima global, auxiliando a limitar o aquecimento médio em 1,5 °C”, escrevem os autores do estudo.
Situação das florestas tropicais é especialmente preocupante
A maior preocupação dos pesquisadores é com o estado das florestas tropicais. Mesmo áreas remotas e até então intocadas sofreram grandes danos devido ao uso agrícola, construção de estradas e extração de lenha.
Na América Latina, Ásia, África e Oceania a leste da Austrália, incêndios devastadores degradaram 6,73 milhões de hectares — o equivalente a 1,5 estados do Rio de Janeiro. Em muitos casos, os incêndios foram provocados intencionalmente.
De acordo com o relatório, a destruição causada por incêndios florestais nos países da região amazônica liberou mais gases de efeito estufa do que um país industrializado como a Alemanha em um ano inteiro. Foram emitidas 791 milhões de toneladas de dióxido de carbono e gases equivalentes na atmosfera, uma quantidade sete vezes maior do que a média dos dois anos anteriores.
A Bolívia foi severamente impactada, perdendo cerca de 9% de suas florestas tropicais úmidas intactas. A degradação boliviana foi responsável por 32% das emissões totais provenientes de todas as florestas tropicais úmidas ao redor do mundo.
O Brasil também sofreu degradação florestal extensa, afetando 1,66 milhão de hectares — o que representa metade de toda a destruição nas florestas tropicais úmidas da Bacia Amazônica.
cs/ra (Reuters, ots)