Presidente ucraniano se disse preocupado que crise entre Israel e Hamas possa abalar apoio dos EUA à Ucrânia. Ele pediu aos aliados que protejam o povo israelense da mesma forma como fizeram com os ucranianos.O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, instou os países aliados no Ocidente a reforçarem a ajuda armamentista ao país,para que seja possível “sobreviver ao inverno”, que começa em dezembro no hemisfério norte.

Em sua primeira visita à sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Bruxelas desde o início da invasão russa a seu país, Zelenski fez um pedido por reforços na defesa antiaérea, além de mísseis de longo alcance e munição. Ele expressou temores de que o conflito entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas possa gerar abalos no apoio dos Estados Unidos à Ucrânia.

“Sobreviver ao próximo inverno é algo de grande importância para nós” afirmou, ao lado do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, antes de uma conferência de países apoiadores da Ucrânia. “Nos preparamos, estamos prontos. Precisamos agora do apoio dos líderes, e é por isso que estou aqui hoje”, disse o ucraniano.

Ele explicou que esse apoio é fundamental para proteger a infraestrutura do país, as exportações de alimentos, além da vida dos civis ucranianos.

O secretário americano da Defesa, Lloyd Austin, anunciou o envio de uma nova remessa de armamentos a Kiev no valor de 200 milhões de dólares, que incluem mísseis de defesa antiaérea, com o objetivo de ajudar os ucranianos a suportarem a forte ofensiva de inverno russa que é aguardada para os próximos meses.

EUA garantem continuidade do apoio

“Os Estados Unidos estarão ao lado da Ucrânia pelo tempo que for necessário”, disse Austin no encontro com Zelenski. Este foi o primeiro pacote americano enviado desde o início da crise no Congresso dos EUA, que gerou questionamentos sobre a capacidade do governo do presidente Joe Biden de continuar fornecendo a ajuda da qual Kiev tanto necessita para se impor à invasão russa em seu território.

Zelenski se disse preocupado que a atual crise em Israel possa desviar a atenção da guerra iniciada pelo presidente russo, Vladimir Putin, na Ucrânia, que já dura quase 600 dias. “Quem sabe como será? Acho que ninguém sabe”, afirmou.

Austin, no entanto, assegurou que os EUA não perderão sua capacidade de dedicar recursos a diversas crises em diferentes regiões. “Permaneceremos firmemente ao lado de Israel e continuaremos a apoiar a Ucrânia”, garantiu. A dimensão do apoio militar americano a Kiev se iguala à totalidade da ajuda enviada pelos países aliados da Otan juntamente com o Canadá.

“Protejam os israelenses”, diz Zelenski

Zelenski pediu aos aliados ocidentais que protejam o povo israelense da mesma forma como fizeram com a Ucrânia, para mostrar a eles que não estão sozinhos.

“Terroristas como Putin ou o Hamas querem tornar reféns as nações livres e democráticas e desejam o poder sobre os que buscam a liberdade”, afirmou Zelenski. “Os terroristas não vão mudar. Eles devem ser derrotados.”

Os diplomatas ocidentais na Otan garantiram que o fornecimento de armas à Ucrânia não está ameaçado. “Devemos continuar a aumentar e manter estável o fluxo de armamentos e munição”, disse Stoltenberg aos aliados.

A Ucrânia tenta se aproximar de uma adesão à Otan de modo a fortalecer sua segurança frente às ambições russas. A aliança simplificou o processo para a entrada ucraniana, mas não ofereceu um convite claro ao país e tampouco estabeleceu um prazo para que isso aconteça.

rc (AFP, DPA)