06/08/2025 - 8:40
A Nasa quer instalar um reator nuclear na Lua nesta década, confirmou nesta terça-feira (5) a agência espacial americana à AFP, em meio à corrida espacial entre os Estados Unidos e seus rivais, Rússia e China.
Uma nova diretiva da Nasa, revelada pelo Politico e consultada pela AFP, exige a nomeação de um czar de energia nuclear para selecionar duas propostas comerciais dentro de um prazo de seis meses.
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Assinada pelo chefe interino da Nasa, Sean Duffy, que também é secretário de Transporte, o memorando de 31 de julho é o último sinal da mudança da agência para priorizar a exploração espacial humana em vez da pesquisa científica.
“Desde março de 2024, a China e a Rússia anunciaram em pelo menos três ocasiões um esforço conjunto para colocar um reator na Lua até meados da década de 2030”, afirma.
O primeiro país a fazê-lo poderia potencialmente declarar uma zona de exclusão, o que inibiria significativamente os Estados Unidos de estabelecer uma presença planejada do programa Artemis.
A ideia de usar energia nuclear fora do planeta não é nova. Desde 2000, a Nasa investiu 200 milhões de dólares (1,1 bilhão de reais) no desenvolvimento de pequenos sistemas de energia de fissão.
O esforço mais recente data de 2023, com três contratos de estudo industrial de 5 milhões de dólares (27,5 milhões de reais) que se concentraram em gerar 40 kilowatts de energia, suficientes para abastecer continuamente 30 lares durante dez anos.
Ao contrário da energia solar, os sistemas de fissão podem operar 24 horas por dia, algo importante durante as longas noites lunares ou as tempestades de poeira marcianas. Os avanços na tecnologia tornaram esses sistemas cada vez mais compactos e leves.
A Nasa aposta no envio de um reator nuclear até 2030. A licitação, que será publicada em breve, tratará de um dispositivo capaz de produzir pelo menos 100 kilowatts de eletricidade, suficiente para abastecer aproximadamente 75 lares americanos.
Este anúncio ocorre em um momento em que a corrida global pelo espaço, especialmente entre os Estados Unidos e a China, está em plena efervescência. Pequim anunciou sua intenção de enviar homens à Lua até 2030.
Desde que retornou ao poder em janeiro, o presidente Donald Trump oscila, no entanto, sobre sua prioridade em matéria de exploração espacial.
Criticou o programa lunar Artemis, muito caro e que sofreu diversos atrasos, e nos últimos meses insinuou que poderia pular a Lua para ir diretamente a Marte.
Um objetivo seguramente influenciado por seu ex-conselheiro Elon Musk, obcecado com o planeta vermelho. Mas o conflito entre os dois em junho e as pressões geopolíticas podem jogar a favor dos projetos lunares da Nasa.