Uma equipe de pesquisa internacional revelou nesta segunda-feira (12/9) as primeiras imagens da Nebulosa de Órion, o berçário estelar mais rico e mais próximo do Sistema Solar, capturadas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST).

Localizada na constelação de Órion, a 1.350 anos-luz da Terra, a Nebulosa de Órion é uma área rica em matéria onde se formam muitas estrelas. Seu ambiente é semelhante ao ambiente em que o Sistema Solar nasceu, há mais de 4,5 bilhões de anos. Estudá-la permite aos pesquisadores entender as condições em que nosso sistema solar se formou.

“A Orion Bar (Barra de Órion) é uma região protótipo para processos que ocorrem em toda a nossa galáxia e no universo, à medida que as estrelas irradiam continuamente material próximo”, disse Felipe Alarcon, pós-graduando da Universidade de Michigan (EUA) e membro do grupo internacional. “Esta imagem incrível será uma imagem modelo.”

O coração de berçários estelares, como a Nebulosa de Órion, é obscurecido por grandes quantidades de poeira e fica impossível observá-lo em luz visível com telescópios como o Telescópio Espacial Hubble. O JWST observa a luz infravermelha do cosmos, penetrando nessas camadas de poeira.

Alguns dos detalhes destacados na foto. Crédito: Nasa/ESA/CSA

Estruturas espetaculares

A imagem revela muitas estruturas espetaculares, em escalas de cerca de 40 unidades astronômicas, ou aproximadamente do tamanho do nosso sistema solar. Essas estruturas incluem uma série de filamentos densos de matéria, que podem desencadear o nascimento de uma nova geração de estrelas. A imagem também revela a formação de sistemas estelares. Estes consistem em uma protoestrela central cercada por um disco de poeira e gás dentro do qual os planetas se formam.

“Esperamos entender todo o ciclo de nascimento de estrelas”, disse Edwin Bergin, professor e presidente de astronomia da Universidade de Michigan e membro da equipe de pesquisa internacional. “Nesta imagem, estamos olhando para este ciclo em que a primeira geração de estrelas está essencialmente irradiando o material para a próxima geração. As incríveis estruturas que observamos detalharão como o ciclo de feedback do nascimento estelar ocorre em nossa galáxia e além.”

A mesma região do céu fotografada pelo Hubble (esquerda) e pelo James Webb (direita). Crédito: Hubble – Nasa/C. R. O’Dell/S. K. Wong (Universidade Rice); JWST – Nasa/ESA/CSA/PDRs4All ERS/ S. Fuenmayor

A Nebulosa de Órion também abriga um aglomerado de estrelas jovens massivas, chamado Aglomerado do Trapézio, emitindo intensa radiação ultravioleta, capaz de moldar nuvens de poeira e gás. Compreender como esse fenômeno influencia o meio ambiente é uma questão-chave para estudar a formação de sistemas estelares como o nosso Sistema Solar.

Essas imagens são o resultado de um dos programas prioritários de observação do JWST, envolvendo cerca de uma centena de cientistas em 18 países.