03/05/2022 - 14:31
O porto de Talín (Tallinn), capital da Estônia, é um dos mais antigos do Mar Báltico e tinha relevância como centro comercial entre Rurik Novgorod, na atual Rússia, e a Escandinávia durante a era viking. Escavações na cidade para a construção de um prédio revelaram no início desta semana uma importante confirmação disso: uma embarcação foi descoberta a 1,5 metro de profundidade em relação à rua atual, informou a ERR, a agência pública de notícias da Estônia. O navio feito de troncos e tábuas de carvalho maciço, com cerca de 700 anos de idade e localizado na foz do antigo rio Härjapea (que hoje não existe mais), muito provavelmente pertencia à Liga Hanseática, rede comercial cujas fronteiras iam da Rússia e da Estônia à Inglaterra.
No seu ápice, a Liga Hanseática conseguiu monopolizar o comércio marítimo medieval no Mar do Norte e no Mar Báltico. Seu poderio era tamanho que ela entrou em guerra com o rei Valdemar IV da Dinamarca e venceu. O tratado de paz imposto aos derrotados reduziu bastante os lucros do comércio marítimo dinamarquês.
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Descoberta inesperada
Ao iniciarem os trabalhos de construção do prédio, os funcionários já sabiam que havia um navio naufragado ali, menor, e foi feito um planejamento cuidadoso para que ele não fosse danificado. Mas o novo navio, bem maior, foi uma surpresa, que deverá atrasar os trabalhos em aproximadamente dois meses, em atenção aos devidos cuidados arqueólogos.
“Nossa propriedade tem outro naufrágio do século 13, cuja localização é conhecida, mas o segundo veio de forma totalmente inesperada”, disse Tarmo Mill, porta-voz da construtora. “Faremos tudo o que pudermos para tirar esses destroços do solo, mas o que é triste é que a contribuição do Estado para preservar nossa herança comum é inexistente”, acrescentou, queixando-se do aparente desinteresse do governo estoniano em relação à descoberta histórica.
É possível que a embarcação recém-descoberta em Talín, com 24 metros de comprimento e 9 metros de largura, seja maior do que o atual recordista em tamanho na categoria navio mercante medieval mais bem preservado, o Bremen Cog. Descoberto em 1962 em Weser (Alemanha), o Bremen Cog levou quase 40 anos para ser meticulosamente reconstruído e exibido ao público no Museu Marítimo Alemão. Segundo o jornal britânico Daily Mail, um teste de dendrocronologia na madeira revelou que o navio da Liga Hanseática de Talín data de 1298 – ou seja, 82 anos mais antigo que o Bremen Cog.