Alemanha colheu amostras em veleiro que pode ter sido usado em operação de sabotagem no ano passado contra gasoduto russo. Informação consta de carta endereçada ao Conselho de Segurança da ONU, que se reúne na 3ª.A Alemanha encontrou vestígios de explosivos em amostras colhidas em um veleiro que pode ter sido usado no transporte de explosivos para danificar os gasodutos Nord Stream 1 e 2.

A informação consta de carta endereçada ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e coautorada por Suécia e Dinamarca, que também conduzem investigações próprias sobre o caso.

“Traços de explosivos submarinos foram encontrados nas amostras colhidas no barco durante a investigação”, diz o texto. “Segundo especialistas, é possível que mergulhadores treinados tenham implantado explosivos nos pontos onde houve dano aos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2, que estão no fundo do mar a aproximados 70-80 metros de profundidade.”

Ao Conselho de Segurança, o trio diz ainda não ser possível identificar com precisão os responsáveis pelos danos nem suas motivações, “especialmente no que diz respeito à questão sobre se o incidente foi dirigido por um governo ou agente governamental”.

Integrado por 15 nações, o órgão que decide sobre questões de segurança internacional se reunirá na próxima terça-feira (18/07), atendendo a uma convocação da Rússia. O país queixou-se sobre não ter sido informado sobre as amostras coletadas.

O que causou a explosão dos gasodutos?

Em 26 de setembro do ano passado, as tubulações de Nord Stream 1 e 2 no Mar Báltico sofreram uma série de explosões inexplicadas – bem nas regiões sob domínio alemão, sueco e dinamarquês. Quatro vazamentos foram descobertos na sequência.

Na Alemanha, a investigação teria focado em um veleiro fretado. Relatos da imprensa alemã dão conta de que o veleiro teria sido alugado por uma empresa sediada na Polônia e associada a dois ucranianos. A embarcação teria partido da cidade portuária de Rostock, no litoral leste do país.

Desde 2011, Nord Stream 1 transportava boa parte do gás importado pela Europa. Porém, no momento do acidente, o gasoduto estava fora de operação: rusgas diplomáticas entre a Rússia e a União Europeia por causa da guerra na Ucrânia levaram Vladimir Putin a fechar as torneiras de gás. As explosões também danificaram Nord Stream 2, mas essa infraestrutura – pelos mesmos motivos – sequer havia chegado a entrar em atividade.

No passado, os gasodutos foram muito criticados pelos Estados Unidos (EUA) e outros países que alertavam para a dependência do gás russo como risco à segurança energética da Europa.

O presidente russo Vladimir Putin e oficiais de seu governo acusaram os EUA de forjar as explosões. Já a Ucrânia, que também foi associada ao ato de sabotagem, também negou ter qualquer envolvimento no caso.

ra (AP, dpa, Reuters)