Em um estudo publicado na revista Science na última quinta-feira (27), cientistas revelaram os resultados de experimentos em ratos com um novo composto antidepressivo que parece funcionar significativamente mais rápido do que os tratamentos atuais para a depressão.

Os antidepressivos mais comumente prescritos, como os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs), têm como alvo o transportador da serotonina, de acordo com os cientistas da Universidade Médica de Nanjing, na China, responsáveis pelo estudo.

A serotonina é um neurotransmissor multifacetado que está envolvido em várias funções biológicas complexas, incluindo humor, cognição, recompensa, aprendizado e memória. O transportador de serotonina funciona como uma bomba que recaptura a serotonina das lacunas entre os neurônios depois que ela é acionada.

Ao direcionar esse processo, as drogas podem aumentar os níveis de serotonina no cérebro e produzir um efeito antidepressivo. Por exemplo, os ISRSs funcionam bloqueando a recaptação, o que significa que a serotonina permanece no intervalo entre os neurônios e permanece disponível para passar mais sinais.

Esta molécula recém-desenvolvida também tem como alvo o transportador de serotonina, mas evita alguns dos problemas observados com os ISRSs. Conhecido como ZZL-7, o pequeno composto foi encontrado para ajudar a regular o disparo de neurônios produtores de serotonina no núcleo dorsal da rafe, parte do tronco cerebral que cria grande parte da serotonina para o resto do sistema nervoso central.

O composto funciona interrompendo a interação entre o transportador de serotonina e uma enzima chamada óxido nítrico-sintase neuronal (nNOS).

Os pesquisadores descobriram que desconectar o transportador de serotonina da nNOS no cérebro dos ratos reduziu a serotonina intercelular no núcleo dorsal da rafe, o que aumentou drasticamente a liberação de serotonina no córtex pré-frontal medial.

As ISRSs, que incluem fluoxetina, citalopram, paroxetina e sertralina, funcionam bem para muitas pessoas que sofrem de transtorno depressivo maior e outros problemas de saúde mental. No entanto, eles estão longe de ser perfeitos. Por um lado, há dúvidas sobre a eficácia deles na melhoria da qualidade de vida a longo prazo.

Além disso, eles também podem levar semanas para fazer efeito e vêm com uma série de efeitos colaterais desagradáveis, incluindo um risco aumentado de suicídio. De acordo com o estudo, parece que o ZZL-7 entraria em ação significativamente mais rápido que as ISRSs, pelo menos na análise dos efeitos em ratos.

De acordo com os autores do estudo, o composto “provocou um efeito antidepressivo 2 horas após o tratamento sem efeitos colaterais indesejáveis”. No entanto, mais uma vez, o composto só foi testado em ratos até agora.

O processo de novos medicamentos que vão dos estudos em animais às prateleiras das farmácias é longo e muitas vezes trabalhoso. Por conta disso, mesmo que este composto seja aprovado em todos os testes, provando ser seguro e eficaz em humanos, ainda levará muitos anos até que seja prescrito. Mas, a pesquisa traz alguma esperança para as milhões de pessoas em todo o mundo que sofrem de depressão.