04/11/2024 - 18:16
Um estudo publicado no periódico Astrobiology, em setembro deste ano, busca explicar que a vida alienígena pode não precisar de um planeta para sobreviver. O questionamento central da pesquisa gira em torno da possibilidade de construir um ambiente que permita que a vida prospere sem a necessidade de um planeta.
Há uma configuração básica para a sobrevivência de vida na Terra, e é por ela que os cientistas espaciais se guiam – possuir um poço gravitacional que mantém tudo no lugar, uma atmosfera que consegue manter a temperatura da superfície na faixa certa para que a água fique líquida, abundância de elementos como carbono e oxigênio que sustentam os organismos biológicos e grande quantidade de luz solar como fonte ilimitada de energia. Por essas definições que outros planetas são sempre o foco na busca por vida extraterrestre, apesar de cada característica única, assumimos que eles são o local que outras formas de vida possam ser encontradas pela similaridade ao lugar onde vivemos.
A ideia ganhou atenção no mundo da ciência, já que os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional agem como exemplos de criaturas vivendo no espaço sem um planeta. A exemplificação poderia ser rebatida pela quantidade de insumos da Terra que estes humanos precisam para continuarem a sobreviver, porém os cientistas ressaltam que a espécie humana é complexa e organismos mais simples poderiam sim viver no vácuo do espaço.
Qualquer comunidade precisa enfrentar diversos desafios para habitar o espaço – a primeira etapa seria manter uma pressão interna contra o vácuo do espaço e depois a colônia baseada no fora do planeta precisaria formar uma membrana ou concha protetora, algo que muitos organismos, microscópicos e macroscópicos, podem lidar com facilidade.
Um dos principais empecilhos é manter uma temperatura quente o suficiente para que a água permaneça líquida. Os especialista indicam, no estudo, seres existentes como a formiga prateada do Saara, que já conseguem regular suas temperaturas internas por diversos meios, criando um efeito estufa sem uma atmosfera – a membrana externa de uma colônia de organismos flutuantes teria que atingir as mesmas habilidades seletivas.
Outra adversidade seria a superação da perda de elementos leves, dentro dos planetas os componentes são mantidos no lugar pela gravidade e uma colônia flutuante não possuiria esse auxílio. Além de que, inevitavelmente eles iriam perder muitos desses itens, sendo necessário uma nova forma de reposição.
Por fim, o conjunto de organismos precisaria ser posicionado dentro da zona habitável de sua estrela, para conseguir acessar o máximo de luz solar possível – além de ter que se adaptar à falta de carbono e oxigênio, criando uma forma de reciclagem destes componentes.
Em adição ao estudo, os especialistas criaram uma colônia de organismos imaginária que continuaria a viver nessas situações extremas. Ela poderia ter até 100 metros de diâmetro, e seria revestida por uma concha fina, dura e transparente – que teria como objetivo estabilizar a água interna na pressão e temperatura corretas.
Apesar da pesquisa apresentar muitas possibilidades e poucas conclusões, sua instigação abre portas para novas áreas de pesquisa da ciência espacial e astronomia. Atualmente, construímos habitats com metal e abastecemos nossas estações com ar, comida e água transportados diretamente da Terra, mas habitats futuros podem usar outros materiais para criar ecossistemas auto sustentáveis.