O estado de Nova York, nos Estados Unidos, legalizou no fim de 2022 a compostagem de corpos de pessoas falecidas. É o sexto estado dos EUA a aprovar a prática, depois de Washington inaugurá-la em 2019. Colorado, Oregon, Vermont e Califórnia vieram na sequência, este último em setembro de 2022.

O método envolve basicamente colocar o corpo da pessoa falecida em uma caixa de aço de 2,5 metros de comprimento com materiais biodegradáveis, como lascas de madeira, alfafa, palha de capim e flores. Depois de um intervalo de tempo que varia de 30 a 60 dias, que envolve também um processo de aquecimento para matar qualquer contágio, o corpo se decompõe em solo, que então é devolvido aos parentes. Estes podem dar ao material a destinação que quiserem.

Debate ético

Hoje em dia, a cremação responde por mais da metade da destinação de corpos nos EUA. Em termos de poluição, não é uma boa alternativa: trata-se de um processo intensivo em energia que despeja no ar produtos químicos como o dióxido de carbono (CO2). Enquanto isso, a compostagem humana, ou redução orgânica natural (NOR), deixa o corpo ser naturalmente decomposto durante várias semanas depois de ser encerrado em um container. Segundo a empresa americana Recompose informou à BBC, seu serviço de compostagem pode economizar uma tonelada de carbono em comparação com uma cremação ou um enterro tradicional.

Em termos econômicos, pode haver também uma vantagem. Em média, um funeral com enterro nos EUA custou US$ 7.848 em 2021, enquanto um funeral com cremação ficou em $ 6.971, de acordo com a National Funeral Directors Association (NFDA). Já a compostagem custa cerca de US$ 5 mil a US$ 7 mil.

A tendência está em crescimento, mas não é uma unanimidade. Bispos católicos do estado de Nova York, por exemplo, afirmaram que os corpos humanos não deveriam ser tratados como “lixo doméstico”. A Conferência Católica da Califórnia adotou uma linha semelhante, dizendo que o processo de compostagem “reduz o corpo humano a simplesmente uma mercadoria descartável”.

A compostagem humana já é permitida na Suécia. O Reino Unido, segundo a BBC, também aceita enterros naturais, em que o corpo é sepultado sem caixão ou com um caixão biodegradável.