13/10/2022 - 7:41
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, deve apresentar um projeto de lei criando a taxação do arroto dos rebanhos de gado e ovelhas.
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O setor de carnes é o principal na pauta de exportações do país e Ardern defende o projeto dizendo que, ao ser o primeiro país do mundo a adotar esse modelo de precificação de emissões, sairá com vantagem competitiva na medida em que barreiras climáticas começarem a virar moda no mundo.
Para os defensores dos mercados de carbono, o arroto de ruminantes sempre foi um desafio. É impossível, na prática, medir exatamente quanto cada animal arrota e os mercados de carbono dependem de medições precisas. Mecanismos tipo cap-and-trade não funcionam frente à dificuldade de definir limites de emissão para fazendas com rebanhos na casa das dezenas de milhares de cabeças até pequenos produtores com não mais do que dez. Assim, a precificação dos arrotos aparentemente tem que ser feita na forma de uma taxa. É isso que a Nova Zelândia quer começar a fazer.
Tentativa frustrada
O desenho proposto inclui o metano do arroto e o óxido nitroso emitido pela aplicação de fertilizantes no solo para fazendas que ultrapassem um limite ao tamanho de seu rebanho e um para a quantidade de fertilizantes comprados.
Em 2008, o país introduziu um mercado de carbono e tentou por vários anos incluir o rebanho de ovelhas nele. Nunca funcionou bem e a tentativa acabou sendo abandonada.
A notícia foi destaque no Guardian, Bloomberg, AP, CNN e Reuters. Duas outras matérias, uma da Bloomberg e outra da Reuters, contam que os fazendeiros não estão comprando essa ideia de ficarem mais competitivos quando o preço do produto for acrescido do tal imposto.
O sucesso desta forma de precificação pode ser um sinal importante para o Brasil. Segundo dados do SEEG, só o arroto do nosso rebanho bovino responde por 65% das emissões da agropecuária e 17% de todas as emissões do país – o mesmo tanto que todas as emissões de queima de combustíveis fósseis.