15/08/2025 - 14:58
Um corpo de mulher que viveu na Sibéria há 2 mil anos, na idade do Ferro, foi submetido a técnicas modernas de pesquisa e cientistas revelaram novas informações sobre as tatuagens complexas encontradas na múmia.
As tatuagens, comuns às múmias da cultura Pazyryk, intrigaram estudiosos, que conseguiram analisar a pele da mulher devido a seu ótimo estado de preservação, uma vez que ficou depositado no pergelissolo – camada do subsolo da crosta terrestre que está permanentemente congelada – das montanhas Altai.
As tatuagens “há muito intrigam os arqueólogos devido aos seus elaborados desenhos figurativos”, disse o autor do estudo, Gino Caspari, arqueólogo do Instituto Max Planck de Geoantropologia e da Universidade de Berna, no comunicado. Pesquisas anteriores sobre os traços, porém, haviam sido baseadas em desenhos esquemáticos antigos.
“Essas interpretações não tinham clareza quanto às técnicas e ferramentas utilizadas e não se concentravam muito nos indivíduos, mas sim no contexto social abrangente”, disse Caspari.
O estudo atual, desse modo, se destacou por conseguir digitalizar em 3D as múmias tatuadas, utilizando a nova fotografia infravermelha de alta resolução. O resultado indicou que o nível de habilidade dos tatuadores era muito alto.
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Com consulta a tatuadores modernos, cientistas também procuraram entender as técnicas e ferramentas utilizadas pelos antigos artistas. Eles apontaram que o desenho do braço direito da múmia mostrava uma complexidade ainda maior do que a do lado esquerdo, provavelmente demandando maior quantidade de tempo.
Além disso, um detalhe que chamou atenção dos tatuadores é que os contornos das figuras aproveitam as ondulações do próprio pulso, de modo que a tatuagem flua sobre o braço.
“Conseguir resultados tão nítidos e uniformes, especialmente com métodos manuais, seria um desafio até mesmo para tatuadores contemporâneos que usam equipamentos modernos”, escreveram eles.
Isso poderia significar que o trabalho foi realizado por dois artistas diferentes, ou pelo mesmo artista em estágios distintos de treinamento. Tais descobertas indicam como a tatuagem era considerada uma arte qualificada na cultura Pazyryk.
“A tatuagem surge não apenas como uma decoração simbólica, mas como um ofício especializado, que exige habilidade técnica, sensibilidade estética e treinamento formal ou aprendizagem”, disse Caspari.