Autoridades investigam esquema no setor energético com propinas de US$ 100 milhões; um dos suspeitos seria próximo de Zelenski. Chefes das pastas de Energia e Justiça pediram demissão.Os ministros de Energia e Justiça da Ucrânia, Svitlana Grynchuk e Herman Galushchenko, respectivamente, apresentaram nesta quarta-feira (12/11) suas demissões, pouco depois de o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmar que ambos deveriam renunciar devido ao suposto envolvimento em um amplo escândalo de corrupção no setor energético do país.

O Parlamento deve agora votar suas renúncias em uma sessão que, segundo uma fonte citada pela agência pública de notícias da Ucrânia, Ukrinform, pode ocorrer em 18 de novembro.

Grynchuk e Galushchenko deixaram seus cargos em decorrência da operação anunciada na última segunda-feira pelo Escritório Anticorrupção da Ucrânia (Nabu) contra um suposto esquema de comissões ilegais a empresas contratadas da companhia pública de energia atômica, Energoatom.

Não se sabe se algum dos dois foi indiciado e Grynchuk não foi mencionada como tendo se beneficiado do esquema.

A Nabu disse que deteve cinco pessoas e identificou outras sete suspeitas em uma grande investigação de corrupção envolvendo supostos subornos no valor de cerca de 100 milhões de dólares (R$ 529 milhões).

A agência não identificou os suspeitos, mas disse que entre eles estão um empresário considerado o mentor do esquema, um ex-conselheiro do ministro da Energia e um executivo da empresa de energia Energoatom.

Suposto líder é próximo a Zelenski

Também foram acusadas oito pessoas de suborno, abuso de poder e posse de bens incompatíveis com a renda na terça-feira. A investigação, que começou há 15 meses, foi bem recebida por Zelenski, que pediu aos funcionários que cooperassem com a investigação.

O suposto líder do esquema é um homem próximo de Zelenski, Timur Mindich, que estava entre os acusados, de acordo com a mídia local.

Os fatos teriam ocorrido em plena guerra, quando Galushchenko, que estaria implicado no esquema, era ministro da Energia. Grynchuk foi atingida pelo escândalo porque a Energoatom é de alçada de seu ministério.

Grynchuk substituiu Galushchenko à frente da pasta de Energia em julho deste ano, quando Galushchenko assumiu a pasta da Justiça, que ocupou até agora.

O escândalo provocou indignação entre os ucranianos, que sofrem com frequentes cortes de energia e aquecimento devido aos bombardeios russos.

Corrupção é problema crônico

A Ucrânia sofre há muito tempo com a corrupção, e o combate à corrupção é visto como um requisito fundamental para a candidatura do país à União Europeia.

Um dos últimos escândalos, que ganhou manchetes na imprensa internacional em agosto, envolveu a compra de drones.

Em julho passado, Zelenski teve que recuar após protestos depois que ele tentou enfraquecer órgãos anticorrupção.

Em 2023, um esquema de corrupção militar levou a uma onda de demissões, incluindo o afastamento do ministro da Defesa do país.

md/ra (EFE, AP, AFP)