25/11/2024 - 17:52
Um artigo publicado na revista Environmental Science and Technology em novembro deste ano, realizado pela Universidade Estadual da Pensilvânia, indica que microplásticos podem alterar ciclo da chuva por meio do monitoramento do comportamento dos compostos plásticos dentro do laboratório.
O estudo explica que a presença dos compostos auxilia no aumento da criação de nuvens em formato de “bigorna”, as cumulonimbus, formadas durante tempestades – essa mudança nas taxas de formação podem alterar os padrões de precipitação mundiais. Para a execução dos testes, os cientistas criaram um ambiente controlado para estudar o processo de congelamento dos núcleos plásticos.
Foram utilizados quatro tipos diferentes de microplástico: o polipropileno (PP) material resistente e rígido; o polietileno de baixa densidade (LDPE), material mais flexível; o cloreto de polivinila (PVC), um dos plásticos mais produzidos no mundo, e o tereftalato de polietileno (PET), muito usado na produção de garrafas plásticas.
Eles seguiram a pesquisa com a suspensão dos tipos de plástico em gotas de água e depois as resfriaram – os resultados dessa etapa mostraram que as gotículas congelam em uma temperatura cerca de 5°C a 10°C mais alta quando há microplásticos nas nuvens. Baseado nos resultados, os especialistas chegaram à conclusão de que os plásticos contribuem para a produção de cristais de gelo dentro das nuvens, agindo como núcleos de congelamento – comportamento que altera o padrão global de precipitação de chuvas
“Em um ambiente poluído com muito mais partículas de aerossol, como microplásticos, você está distribuindo a água disponível entre muito mais partículas de aerossol, formando gotas menores ao redor de cada uma dessas partículas. Quando você tem mais gotas, você tem menos chuva. Mas como as gotas só caem quando ficam grandes o suficiente, você coleta mais água total na nuvem antes que as gotas sejam grandes o bastante para cair. Como resultado, as chuvas são mais pesadas quando elas chegam à superfície”, explicou Miriam Freedman, coautora do estudo
Heidi Busse, autora principal do estudo, comenta que uma gotícula de água sem características que a prejudique – sem poeira, bactéria ou microplásticos – passa por todo o processo de congelamento a aproximadamente -38°C. Porém, nos novos experimentos, metade das gotículas, afetadas pelos microplásticos, foram congeladas em -22ºC.
Depois da primeira análise, os especialistas buscam entender como essa presença dos resíduos está ativamente interagindo com o sistema climático existente e as potenciais consequências dessa relação. Os cientistas também pretendem explorar como os plásticos de uso comum impactam o resto da atmosfera. “Sabemos que o ciclo de vida completo desses plásticos que usamos todos os dias pode estar alterando as propriedades físicas e ópticas das nuvens – e alterando o clima de alguma forma. Mas ainda temos muito a aprender sobre o que exatamente eles estão fazendo”, completou Busse.