04/08/2025 - 14:09
Um novo estudo sobre um pequeno dinossauro de 163 milhões de anos, descoberto no nordeste da China, sugere que o cenário sonoro do Período Jurássico poderia incluir sons melódicos, semelhantes aos dos pássaros. A descoberta do fóssil, batizado de Pulaosaurus qinglong, revela uma anatomia vocal avançada, levantando novas questões sobre a evolução da comunicação dos dinossauros.
Publicada na revista científica PeerJ, a pesquisa descreve o Pulaosaurus como um herbívoro ágil de apenas 70 centímetros de comprimento. O que torna este fóssil peculiar é a preservação de uma laringe ossificada com características notavelmente parecidas com as das aves modernas. É apenas o segundo dinossauro não aviário encontrado com essas estruturas intactas e o mais antigo já registrado.
Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências utilizaram microtomografias computadorizadas de alta resolução para analisar os ossos da garganta do fóssil. Eles descobriram que os ossos aritenoides – essenciais para modular o fluxo de ar e o tom – eram finos e alongados, uma estrutura mais associada ao canto dos pássaros do que aos grunhidos de répteis.
“São ossos muito finos, muito delicados e difíceis de preservar”, afirmou Xing Xu, paleontólogo e coautor do estudo, ao The New York Times, ressaltando a raridade e a importância do achado.
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A descoberta é intrigante porque o Pulaosaurus não pertence à linhagem de dinossauros que deu origem às aves. Ele faz parte do grupo dos ornitísquios, ou “dinossauros com quadris de ave”, que evoluíram separadamente. Uma estrutura vocal semelhante já havia sido encontrada em um Pinacosaurus, um anquilossauro que viveu dezenas de milhões de anos depois.
Isso apresenta aos cientistas duas possibilidades: ou a capacidade de produzir sons complexos evoluiu de forma independente em diferentes ramos da árvore genealógica dos dinossauros, ou essa habilidade surgiu em um ancestral comum muito mais antigo do que se pensava – talvez há mais de 230 milhões de anos.
O nome do dinossauro, Pulaosaurus, é uma homenagem a “Pulao”, uma criatura mítica chinesa conhecida por seu rugido poderoso. Embora não se saiba exatamente como o ele soava, seus ossos sugerem que o mundo pré-histórico era um lugar muito mais barulhento e melódico do que o imaginado.