09/06/2024 - 18:05
Conservadores mantiveram-se como a maior bancada na câmara baixa da União Europeia, atrás dos sociais-democratas. Verdes e liberais encolhem, e número de sem-bancada dispara.Um novo Parlamento Europeu mais empenhado em limitar a imigração na União Europeia (UE) do que em conter as mudanças climáticas: a julgar pelas pesquisas de boca de urna e resultados preliminares, essa foi a escolha de eleitores nos 27 países-membros do bloco para os próximos cinco anos.
Com os conservadores mantendo a liderança e a expansão da ultradireita, a nova composição da câmara baixa do Legislativo europeu aponta para um Parlamento mais fragmentado, o que deve dificultar e retardar o processo de tomada de decisões em uma UE às voltas com uma Rússia cada vez mais hostil, a crescente rivalidade entre China e Estados Unidos, o possível retorno de Donald Trump à Casa Branca e uma emergência climática de proporções globais.
Neste domingo, 21 dos 27 países da UE foram às urnas. Os resultados preliminares devem ser divulgados pelo Parlamento Europeu após as 23h (18h de Brasília), assim que a última votação, na Itália, for encerrada.
Como deve ficar a composição do Parlamento Europeu
Segundo as primeiras previsões divulgadas na noite deste domingo (09/06), o Partido Popular Europeu (EPP), dos democratas-cristãos, deve continuar a maior força do Parlamento, com 186 dos 720 assentos, mantendo-se no mesmo patamar de 2019.
Com isso, são grandes as chances de recondução ao cargo da atual presidente da Comissão Europeia e eurodeputada Ursula von der Leyen, do partido alemão conservador União Democrata Cristã (CDU).
Em seguida, vem a Aliança Progressista dos Socialistas & Democratas (S&D), com 133 cadeiras, ou 18,5% do Parlamento – uma perda em relação a 2019, quando o grupo fez 20,4% dos eurodeputados.
Logo atrás estão os liberais do Renovar a Europa, com 82 cadeiras – em 2019, eles tinham 102.
Com estimadas 53 cadeiras, a bancada dos Verdes/Aliança Livre Europeia perdeu 18 mandatos e o posto de quarto maior grupo no Parlamento para os Reformistas e Conservadores Europeus (ECR), de ultradireita, que devem ganhar 6 novos membros e passar a 70 assentos.
Os verdes também ficarão atrás dos igualmente ultradireitistas do Identidade e Democracia (ID), com 60 membros, quatro a menos que em 2019 – a bancada recentemente excluiu o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) de suas fileiras, numa tentativa de se blindar contra eventuais escândalos. Não fosse isso, o ID provavelmente teria ultrapassado o ECR, já que a AfD deve levar 16 eurodeputados ao Parlamento Europeu.
Candidatos independentes, não vinculados a nenhuma bancada, devem ficar com 100 assentos.
Por fim, a menor bancada é da Esquerda, que deve perder duas cadeiras e eleger 36 eurodeputados.
Ultradireita sai das urnas mais forte
Na França, Itália, Bélgica, Áustria e Hungria, partidos de ultradireita lideram as pesquisas de intenção de voto. Na Alemanha, Polônia, Holanda e Suécia, eles são pelo menos a segunda ou terceira maior força.
Há anos eleitores europeus vêm se queixando de que o processo de tomada de decisões na UE é complexo, distante e desconectado da realidade diária – algo que explica os baixos índices históricos de comparecimento às urnas, que para esta eleição foram estimados em 51%.
Muitos europeus foram impactados pela alta nos custos de vida e estão preocupados: com a imigração descontrolada, com o preço da transição verde e com as tensões geopolíticas, incluindo a guerra na Ucrânia.
Partidos populistas veem nesse cenário uma oportunidade de ganhar o eleitorado.
Aliança com a direita conservadora ainda é incerta
Considerando o total de eurodeputados que o ECR e o ID devem eleger, mais os assentos que a AfD deve conquistar, os partidos de ultradireita vão controlar mais de 21% do Parlamento Europeu e devem compor uma força nada desprezível.
Sua real influência sobre a política europeia, porém, dependerá da capacidade de forjar alianças com a direita conservadora do EPP e, possivelmente, com os liberais ou com membros independentes.
Se uma aliança dessas de fato é viável, essa questão ainda está em aberto. Mas von der Leyen, atual presidente da Comissão Europeia, já anunciou que não descarta uma colaboração com parlamentares mais à direita – desde que eles apoiem a Ucrânia, representem valores europeus e sejam a favor da manutenção do Estado de Direito.
Atualizações em breve.
ra (AFP, Reuters, ots)