18/06/2019 - 15:33
Enquanto no litoral Sudeste brasileiro, os banhistas estão sendo surpreendidos pela presença cada vez maior de baleias jubarte e seus saltos espetaculares, na costa oeste dos Estados Unidos – do Alasca ao México -, este ano a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, da sigla em inglês) está sem espaço para enterrar as carcaças em decomposição de diversas baleias-cinzentas.
No Estado de Washington, a entidade está pedindo que proprietários de terras à beira-mar cedam espaço nos seus terrenos para o enterro desses animais que podem chegar a 12 metros de comprimento. E o Centro de Ciências está testando o uso de cal hidratada para acelerar a decomposição e mascarar o cheiro. Os esqueletos serão usados para fins educacionais.
Já são mais de 70 baleias mortas este ano, e é o maior número de encalhes de baleias-cinzentas nos EUA desde 2000, quando 100 animais chegaram à terra. É bom lembrar que esses números são sempre maiores, porque outra parte delas afundam no mar ou se tornam alimentos para outras espécies. A NOAA classificou os acontecimentos como um evento de mortalidade incomum, o que configura a necessidade de investigações.
Até o momento, as razões para os altos números deste ano não são claras. Como a maior parte dessas baleias estavam muito magras e fracas, sugerem que estão morrendo de fome. As baleias-cinzentas passam o verão nos mares de Bering e Chukchi, onde se alimentam fartamente de minúsculos crustáceos antes de migrar para o sul no México para o inverno. Elas dependem dessas reservas de gordura para durar até a estação seguinte.
A mudança climática está provavelmente desempenhando um papel marcante nessa mortandade. O aumento da temperatura do mar no Alasca pode estar afetando sua principal fonte de alimento: os crustáceos anfípodes.
Acredita-se que as baleias podiam estar se aproximando mais da costa a procura de comida no estuário ou estavam tão desnutridas e cansadas que buscavam uma área protegida. Desde o fenômeno El Niño de 2000 as coisas vêm piorando para elas e o El Niño de 2015 também pode estar agora mostrando seu real impacto sobre o habitat marinho e sobre esses animais.
Quando um indivíduo ou população está tendo problemas, os cientistas suspeitam que o ambiente em que vivem está sob estresse. No caso dos grandes mamíferos marinhos, como as baleias-cinzentas, isso é ainda mais claro: permite que os cientistas vejam o que pode estar acontecendo nos oceanos do mundo em uma escala muito menor.
As baleias-cinzentas foram quase dizimadas pela caça às baleias, e chegaram a ser classificadas como espécie ameaçada em 1994. Mas conseguiram uma recuperação “surpreendente” para quase 26.000 indivíduos hoje. Mesmo assim, os especialistas observam que uma população estável não conseguirá resistir diante das mudanças atualmente vistas no Ártico.