Intifadas, ataques terroristas, bombardeios, processos de paz fracassados. A história entre Israel e o Hamas começa com a fundação do grupo radical islâmico em Gaza, na segunda metade da década de 1980.O Hamas nasceu do conflito israelo-palestino até hoje sem solução. Seu fundador e líder espiritual, Ahmad Yassin (1936-2004), cresceu na Faixa de Gaza e foi morto por forças israelenses em 22 de março de 2004.

O grupo radical não reconhece o Estado de Israel e o objetivo declarado de eliminá-lo por meios militares e estabelecer um Estado islâmico. Ele é classificado como organização terrorista por Israel, Estados Unidos, Canadá, Japão, Reino Unido e todos os países-membros da União Europeia (UE), além de outras nações, inclusive árabes e muçulmanas.

A “guerra santa contra os tiranos” estabelecida na carta de fundação do Hamas legitima os repetidos confrontos bélicos com Israel. O mais recente ataque terrorista executado pelo grupo, em 7 de outubro 2023, resultou numa escalada de violência sem precedentes.

A seguir, uma cronologia dos eventos mais importantes desde a fundação do Hamas.

1987: Primeira Intifada

A primeira Intifada, também conhecida como “Guerra das Pedras”, foi um violento confronto entre o exército israelense e as organizações Hamas, Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e Frente Popular para a Libertação da Palestina. O estopim foi a colisão entre um caminhão militar israelense e dois táxis palestinos, em 8 de dezembro de 1987.

Quatro palestinos morreram perto da passagem de Erez, na fronteira norte com a Faixa de Gaza. O Hamas, que havia sido fundado pouco antes, liderou a revolta da população contra soldados israelenses. Além disso, houve ações pacíficas, como greves de grupos da sociedade civil. A partir de 1991, os confrontos armados retrocederam.

1989: Proibição do Hamas em Israel

Em 1989, o Hamas foi proibido em Israel. Yassin foi preso e condenado à prisão perpétua em 1991 por incitar o assassinato de colaboradores palestinos e por instigar o sequestro e assassinato de dois soldados israelenses.

1993: Atentados suicidas

Em 1993, Israel e a OLP concordaram com um reconhecimento mútuo em Oslo, na Noruega. Visando sabotar o processo de paz, porém, o Hamas passou a organizar uma onda de atentados suicidas.

Os ataques foram posteriormente reivindicados como retaliação ao massacre de 29 palestinos em 25 de fevereiro de 1994, quando o médico judeu Baruch Goldstein atirou nos muçulmanos que rezavam numa mesquita de Hebron, Cisjordânia.

2000: Segunda Intifada

O processo de paz de Oslo fracassou nos anos seguintes. No fim de setembro de 2000, a visita do então líder da oposição israelense, Ariel Sharon, ao Monte do Templo desencadeou a Segunda Intifada.

No segundo dia da visita, houve manifestações violentas, repelidas com armas pela polícia israelense. O saldo foi de quatro mortos e cerca de 200 feridos. Em reação, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia houve distúrbios e confrontações com as forças de segurança israelenses. Havia começado a Segunda Intifada.

Entre 27 de setembro de 2000 até o ano 2004, o Ministério das Relações Exteriores de Israel registrou um total de 425 ataques do Hamas, em ações que deixaram 377 israelenses mortos e 2.076 feridos, entre civis e soldados.

2005: Israel se retira de Gaza

Em 2005, o então primeiro-ministro Ariel Sharon ordenou a retirada de todos os israelenses da Faixa de Gaza, tanto das tropas quanto dos colonos. Em 12 de setembro, após 38 anos, chegavam ao fim a presença de Israel nesse território palestino até então ocupado.

2006: Vitória eleitoral do Hamas

Nas eleições parlamentares palestinas de 25 de janeiro de 2006, o Hamas obteve 44% dos votos e a possibilidade de compor um governo. Em setembro, o grupo concordou em formar uma coalizão de unidade nacional com o partido Fatah. Entretanto essa coalizão só durou alguns meses, devido à disputa entre os dois lados pelo poder na Faixa de Gaza.

2007: Divisão Gaza-Cisjordânia

Em 12 de junho de 2007, unidades armadas do Hamas atacaram a sede do Fatah e, posteriormente, assumiram o controle de toda a Faixa de Gaza. Desde então, há uma divisão política no território palestino: o Hamas governa a Faixa de Gaza, e a Autoridade Palestina, dominada pelo Fatah, os territórios parcialmente autônomos da Cisjordânia.

Desde que o Hamas assumiu o poder em Gaza, não houve mais eleições. Israel declarou a Faixa de Gaza “território hostil” e reforçou seu isolamento, que continua até hoje, também parcialmente implementado pelo Egito.

2008: Primeira Guerra de Gaza

Após breve cessar-fogo negociado pelo Egito, o Hamas voltou a lançar mísseis contra Israel, que respondeu em 27 de dezembro de 2008 com a ofensiva militar “Chumbo Fundido”, a qual durou até 18 de janeiro de 2009.

De acordo com o Centro Palestino de Direitos Humanos (PCHR), 1.417 morreram, dos quais 926 civis. Conforme números israelenses, foram 1.166 palestinos, inclusive 295 civis.

2012: Segunda Guerra de Gaza

Em 14 de novembro de 2012, teve início mais um conflito entre Hamas e Israel, desta vez com duração de oito dias. Pouco tempo depois, em 29 de novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU reconheceu a Palestina como um Estado observador “não membro”. Dos 193 países-membros, 138 votaram a favor da elevação do status palestino nos termos do direito internacional. A Alemanha se absteve. A partir de então, a Autoridade Nacional Palestina passou a se autoproclamar “Estado da Palestina”.

2014: Terceira Guerra de Gaza

Após o contínuo disparo de foguetes de Israel a partir da Faixa de Gaza, um novo conflito militar com ataques aéreos entre Israel e Hamas eclodiu na região em 8 de julho de 2014. Em 17 de julho, Israel lançou uma ofensiva terrestre. Em 26 de agosto, a guerra terminou com um cessar-fogo temporário.

2021: Quarta Guerra de Gaza

O 10 de maio de 2021 marcou um novo conflito, após disparos de foguetes do Hamas contra Jerusalém. Antes, houvera semanas de agitação, principalmente em Jerusalém Oriental, devido ao despejo forçado de palestinos no bairro de Sheikh Jarrah e à violência no Monte do Templo e na Mesquita de Al Aqsa. A guerra terminou em 21 de maio com um cessar-fogo.