04/09/2019 - 21:44
Alguns pássaros exibem habilidades de navegação extremamente sofisticadas, voando milhares de quilômetros durante suas migrações, um fenômeno ainda não totalmente compreendido pela ciência. Um casal especializado no tema, Wolfgang e Roswitha Wiltschko, da Universidade Goethe de Frankfurt (Alemanha), avaliou recentemente diversos estudos de campo sobre essa característica. Eles relataram suas conclusões em um artigo publicado na revista “Journal of the Royal Society Interface”.
Um dos temas tratados, abordado em diversos estudos, é a revelação de que os pássaros navegam longas distâncias usando o campo magnético da Terra. Segundo a maioria dos pesquisadores, as aves fazem isso aproveitando-se de duas características do campo magnético: a direção das linhas de campo e sua intensidade.
O casal Wiltschko destaca vários estudos que levaram a evidências de que uma proteína especial presente nos olhos desses animais permite-lhes “ver” o campo magnético enquanto voam. Essa bússola interior não diz ao pássaro se ele se dirige ao norte ou ao sul magnético, mas sim se ele está no “rumo do polo” ou “rumo do equador”.
LEIA TAMBÉM: Ave ameaçada se reproduz mais após passagem de furacão
Quanto à detecção e medição da intensidade do campo, o casal cita vários artigos que lançam a suspeita de que há pedaços de metal (magnetita) incorporados em tecidos que “sentem” o magnetismo e nervos que transportam as informações para o cérebro. Eles observam que ainda não existe um consenso sobre onde o metal incorporado pode estar, mas há sugestões de que ele provavelmente se situa em algum ponto do bico. Os nervos seriam o par de trigêmeos.
Localização no cérebro
O que ainda é um mistério, no entanto, é como e em que partes do cérebro a navegação é realizada. Segundo os Wiltschkos, algumas pesquisas levam a teorias que sugerem que o hipocampo está fortemente envolvido. Essa parte do cérebro geralmente é conhecida por seu papel na memória. Os pássaros podem adicionar informações de navegação às informações geográficas que armazenam à medida que envelhecem.
Os Wiltschkos também observam que a maioria dos pesquisadores acredita que as aves usam uma forma de navegação diferente da exibida por outros mamíferos, como peixes e répteis.