Logo após o abate de um balão chinês suspeito de espionar os EUA em 4 de fevereiro de 2023, caças americanos abateram três objetos adicionais dentro ou perto do espaço aéreo dos EUA.

Quando a mídia perguntou a Glen VanHerck, o general da Força Aérea responsável por supervisionar o espaço aéreo norte-americano, sobre esses eventos, ele se recusou a descartar a presença de forças extraterrestres. Outros oficiais militares esclareceram depois que as origens sobrenaturais não são uma consideração séria, mas o comentário destacou a falta de conhecimento do governo dos EUA sobre esses objetos.

Como especialista em política espacial, muitas vezes sou confrontada com perguntas sobre OVNIs e homenzinhos verdes. No entanto, como esses episódios recentes mostraram, é muito mais provável que um OVNI seja feito pelo homem, em vez de se originar de algum lugar distante no universo.

Em 2020, a Marinha dos EUA divulgou vários vídeos de fenômenos aéreos não identificados, despertando o interesse do público e do governo. Crédito: US Navy

O que significa OVNI?

Objeto voador não identificado, ou OVNI para abreviar [UFOs, na sigla em inglês], é o termo historicamente usado para descrever aeronaves que não são facilmente identificadas ou explicadas. A mania moderna de OVNIs nos EUA data do final dos anos 1940 e início dos anos 1950, coincidindo com o desenvolvimento de novas tecnologias como foguetes e mísseis.

Hoje, o governo dos EUA usa a expressão fenômenos aéreos não identificados, ou UAPs, na sigla em inglês. Essa mudança é parcialmente para tentar desassociar o termo de alienígenas de ficção científica. O termo também incentiva um maior estudo científico e reflete o fato de que muitos desses “objetos” acabam sendo estranhos fenômenos atmosféricos ou truques de equipamentos fotográficos.

Olhando a sério

Há milhares de avistamentos de UAPs não confirmados pelo público a cada ano, mas até recentemente não havia uma maneira formal de os EUA rastrearem esses avistamentos. Essa falta de interesse começou a mudar em 2020, quando o Pentágono divulgou oficialmente três vídeos tirados das cabines de caças mostrando objetos não identificados se movendo de maneiras misteriosas.

No ano seguinte, em 2021, o Congresso dos EUA determinou a criação de uma avaliação sobre UAPs. Como parte desse relatório, o diretor de inteligência nacional identificou 144 relatos em primeira mão de UAPs de aviadores militares e sensores do governo entre 2004 e 2021.

O relatório identifica várias explicações potenciais para UAPs, incluindo bagunça – um termo abrangente que inclui, por exemplo, pássaros, balões e drones. Outras explicações incluem fenômenos atmosféricos naturais, como cristais de gelo e flutuações térmicas, bem como tecnologias secretas desenvolvidas pelos EUA ou outras nações.

É esta última categoria que tem chamado a atenção, com os militares americanos abatendo uma série de balões e objetos não identificados na última semana. Países como China e Rússia podem coletar uma quantidade significativa de inteligência usando satélites, mas balões – e potencialmente outras tecnologias ainda desconhecidas pelo público americano – representam outra maneira de coletar dados confidenciais. Se os militares ou o governo dos EUA não conseguem identificar uma nova tecnologia, é fácil classificar um objeto como um UAP.

Capacidade de detecção

Somente em 2022, o Pentágono recebeu 247 novos relatórios de UAPs, cerca de metade dos quais foi posteriormente atribuída a balões ou “entidades semelhantes a balões”.

Ao mesmo tempo, também é fácil perder os UAPs se as pessoas não souberem o que procurar, como parece ser o caso dos balões espiões anteriores que a China enviou ao redor do mundo.

Quer os futuros UAPs sejam balões, tecnologia secreta ou qualquer outra coisa, continuará a haver um maior foco dos EUA no estudo dos UAPs e uma capacidade crescente de detectá-los. É provável que os relatórios continuem a chegar e as aeronaves dos EUA continuem rastreando-os.

* Wendy Whitman Cobb é professora de Estratégia e Estudos de Segurança na Air University (EUA).

** Este artigo foi republicado do site The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original aqui.