13/10/2025 - 15:38
A análise genética de uma mulher holandesa que viveu até os 115 anos revelou que a chave para sua longevidade e saúde pode residir na capacidade das células-tronco de reparar e regenerar tecidos ao longo da vida. O estudo, conduzido por um consórcio de pesquisadores europeus e publicado na revista científica Nature Aging, aponta para um sistema de manutenção celular tão eficiente que seu corpo combatia o desgaste do envelhecimento em um ritmo drasticamente mais lento que o normal.
Ao sequenciar o genoma da mulher a partir de amostras de sangue e tecidos coletadas em diferentes fases de sua vida, os cientistas descobriram um conjunto de variantes genéticas raras que otimizam a função das células-tronco somáticas – responsáveis pela renovação de órgãos e tecidos. Essas células apresentavam uma capacidade incomum de corrigir erros no DNA e eliminar células danificadas antes que pudessem se acumular e causar doenças.
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Segundo a pesquisa, o sistema imunológico da centenária, por exemplo, era reabastecido constantemente por células-tronco hematopoiéticas que funcionavam como a de um indivíduo décadas mais jovem. Isso explica sua resistência a infecções e processos inflamatórios crônicos, fatores comumente associados ao declínio na velhice.
Um dos achados mais intrigantes foi o comportamento dos telômeros, as capas protetoras nas pontas dos cromossomos. Embora curtos – um marcador clássico de envelhecimento celular –, a alta taxa de renovação promovida pelas células-tronco eficientes impedia que células “velhas” e potencialmente cancerígenas se proliferassem. Na prática, seu organismo priorizava a substituição celular em vez da manutenção de células antigas, uma estratégia que, segundo os autores, pode ter sido fundamental para evitar o câncer, uma das principais causas de mortalidade em idosos.
Os pesquisadores ressaltam que, embora se trate de um caso individual, os resultados são significativos para o estudo da longevidade. A descoberta sugere que o segredo para um envelhecimento saudável não está em parar o tempo, mas em possuir mecanismos biológicos que administram danos de forma eficaz. Agora, o foco é entender como ativar tais mecanismos em outras pessoas – visando não apenas prolongar a vida, mas principalmente a qualidade de vida nos anos avançados.