“Escultor do futebol sem fronteiras”, “futebolista perfeito”, “jogador à frente de seu tempo”. Publicações do continente não poupam adjetivos na reverência ao Rei do Futebol.El País, Espanha – Adeus a Pelé, “O Rei” do futebol

“Edson Arantes do Nascimento, conhecido para a eternidade como Pelé, o futebolista perfeito, o primeiro de uma fama planetária. (…) Com ele, acaba uma era na história do futebol e do Brasil.

O brasileiro alcançou a excelência em um esporte criado pelos ricos que pobres como ele — foi engraxate — abraçaram e transformaram em fenômeno de massas. O talento dentro de campo daquele homem negro, sempre alegre, que gostava de dançar com a bola, coincidiu com a chegada de um novo aparelho aos lares de todo o mundo. A popularização da televisão o catapultou para a fama planetária em preto e branco; depois, em todas as cores. O Brasil era um país tão gigantesco quanto promissor, tendo abolido a escravidão apenas no final do século 19.”

Mundo Deportivo, Espanha – Pelé, um jogador à frente de seu tempo

As imagens mais antigas do jogador Edson Arantes do Nascimento foram registradas em preto e branco. Muitas outras, já em cores. E, de certa forma, essa circunstância veio a ser, embora fruto do acaso cronológico, condizente com a sua forma de jogar futebol, porque Pelé dava cor a este jogo de bola no pé.

À inegável capacidade goleadora que o levou a concretizar o sonho de ultrapassar a barreira dos 1.000 gols como profissional, se somava uma prodigiosa capacidade técnica que partida após partida se convertia em todo um pesadelo para os rivais. Porque já existiam vários jogadores habilidosos com a bola naquela época, mas nenhum dançava com a bola como Pelé fazia.

La Repubblica, Itália – Adeus a Pelé, o campeão que inventou o futuro

“O Rei nasceu em Três Corações, no sudeste do Brasil. Três corações. E isso já diz tudo. Seu nome, Edson, foi escolhido por seu pai, em homenagem a Thomas Edison, o inventor da lâmpada, porque naquele dia de 1940, na sua cidade, chegava a eletricidade. E até isso diz muito, porque Pelé iluminou o futebol: venceu três Mundiais (58, 62, 70), fez 1.281 gols em 1.363 partidas.”

(…)

Pelé, o dissílabo mais famoso do esporte, antecipou uma era. Sem ele, não haveria Ronaldo, Messi, Neymar, Mbappé. Nem Federer, Woods, Hamilton, LeBron. Não haveria campeões que assinam contratos para trocar de marca, gravar discos (dois com Elis Regina), fazer filmes, TV, séries, patrocinar produtos (fez até para Viagra), vender múltiplas fantasias, virar logotipo. Foi ele quem nos trouxe para a modernidade, para o esporte como entretenimento. Em 77, seu nome era mais conhecido que o da Coca-Cola.”

Le Figaro, França – “Rei” Pelé, sol do Brasil e “lenda do futebol”

O futebol perdeu seu rei. Pelé era o sol do Brasil. Seu calor, sua luz, sua força, sua alegria, sua criatividade, seu sucesso. Sua lenda transcende os tempos. A essência de um artista. No museu das memórias, penduradas em preto e branco ou desfilando a cores, coabitam as corridas avassaladoras de um velocista com pernas de bronze e as passadas de bailarino, combinando força, velocidade e elegância, as fintas e os geniais lances da Copa do Mundo de 1970, o épice de sua rica carreira ou o milésimo gol marcado em 19 de novembro de 1969 em um Maracanã incandescente, apesar de uma leve chuva. A partida, símbolo da emoção, foi interrompida por vinte minutos para a realização de uma volta olímpica após o tão esperado gol (aos 33 do segundo tempo, de pênalti).

Le Monde, França – A morte do “rei Pelé”, lenda do futebol mundial

Simplesmente o Rei. Com todos os seus atributos. A sua coroa, nunca disputada, nem por Cruyff, Platini, Maradona, Zidane, Messi ou Cristiano Ronaldo. O seu tesouro, estes 1.283 gols marcados (segundo as suas próprias contas) em 1.366 jogos em vinte anos de carreira, um recorde que continua a desafiar, desde os anos 1970, o futebol moderno e os seus métodos científicos. O seu narcisismo, que frequentemente o levava a falar de si mesmo na terceira pessoa do singular, a avaliar a sua singularidade pela bitola de Michelangelo ou Beethoven, raros exemplos, aos seus olhos, de personagens que receberam, como ele, um “dom de Deus”.” Como Elvis Presley para o rock, Edson Arantes do Nascimento, conhecido como “Pelé”, falecido na quinta-feira, 29 de dezembro, aos 82 anos, era, portanto, o monarca absoluto do futebol. O “Escolhido”. Não é ele, afinal, o único jogador a ter conquistado três Copas do Mundo, em 1958, 1962 e 1970?

Público, Portugal – Morreu Pelé, o escultor do futebol sem fronteiras

“Desapareceu, aos 82 anos, o astro brasileiro que deu uma nova aura à camisa 10. Marcou em quatro Mundiais, conquistou um sem-número de títulos e, com eles, o mundo do esporte.

(…)

É uma condição só ao alcance dos predestinados, essa capacidade de brilhar, vulgarizando tudo o que existe em volta. Não é que os adversários não estivessem cientes do talento (e da ameaça) que tinham pela frente, simplesmente viam-se subjugados a uma habilidade superior, ultrapassados por alguém que pensava mais depressa e executava melhor.”

Daily Mirror, Reino Unido – Pelé, lenda brasileira do futebol, morre aos 82 anos

Pelé em pleno vigor era a visão mais bonita do futebol muito antes de esse adjetivo definir esse jogo. Ainda hoje, seu nome é sinônimo não apenas de beleza, mas de excelência, habilidade de tirar o fôlego e esportividade da mais alta qualidade. Muito antes de Maradona, Ronaldo e Messi, nunca houve sequer um debate sobre o maior jogador de futebol de todos os tempos. Todos os fãs sabiam que era Pelé e o adoravam.

Der Tagesspiegel, Alemanha – Morte de Pelé: “É como na música. Há um Beethoven, e os outros”

“O 'Rei' nunca perdeu o sorriso. Aquele sorriso largo característico, com o consagrado troféu da Copa do Mundo Jules Rimet em ambas as mãos, com velhos amigos, com a família em seus braços.

Pelé, aquele jogador incrível que moldou o futebol como nenhum outro, sorria. E com ele o mundo inteiro. “O maior jogador de futebol de todos os tempos”, disse Franz Beckenbauer, representando milhões de pessoas. O “Rei do Futebol” morreu nesta quinta-feira, aos 82 anos. Numerosos jogadores de futebol ativos e ex-futebolistas prestam homenagens a Pelé.”

Frankfurter Allgemeine Zeitung – Morre o rei Pelé

Com ele morreu o criador de um estilo que fez do futebol a superpotência mundial do esporte. E com ele, o futebol do século 20 é finalmente história. Ele não foi mais capaz de derrotar seu último adversário, o câncer. Pelé morreu na quinta-feira, aos 82 anos.

(…)

A cidade em que o criador do futebol bonito nasceu se chama Três Corações. E de alguma forma esse nome também representa a vida do maior jogador de futebol da história. Uma vida para a qual um coração nunca foi suficiente. Foram necessários três deles: um coração para o atleta que elevou o futebol a uma nova forma de arte, o “jogo bonito”. Um coração para o homem que influenciou a imagem deste imenso país no exterior por várias décadas, que também, com a sua simpatia, moldou, de certa forma, a alma brasileira. E um terceiro coração para aquele Pelé, às vezes dilacerado pelos anseios e exigências da sociedade, da política e da mídia, que sempre quiseram tomá-lo para si.

md (ots)