O Frankenstein que você provavelmente conhece – um monstro verde, com parafusos no pescoço e braços estendidos – é uma criação de Hollywood. Essa imagem icônica, difundida pela cultura pop, difere drasticamente do personagem original de Mary Shelley.

No romance clássico de Shelley, escrito em 1818, quando ela tinha apenas 18 anos, a criatura é completamente diferente. Ele é um ser inteligente, eloquente e emocionalmente complexo. Apaixonado pela leitura, ele questiona a vida, a moral e até mesmo seu criador, Victor Frankenstein. E sim, ele mata, mas não por maldade inerente. No início, a criatura era gentil, mas a constante rejeição e os maus-tratos que sofreu o tornaram vingativo.

A transformação do personagem em um monstro mudo, desajeitado e puramente assustador ocorreu com o filme de 1931. A partir daí, a cultura pop se encarregou de solidificar essa versão, transformando-o em fantasia de Halloween, mascote de cereal e um ícone do horror. Além disso, popularizou-se o erro de chamá-lo de “Frankenstein”, que, na verdade, é o nome de seu criador, e não da criatura.

Enquanto a versão literária apresenta um ser trágico e profundo, a adaptação cinematográfica o reduziu a um monstro incompreendido. A verdade é que o monstro dos filmes não é o que Mary Shelley criou, e talvez o verdadeiro monstro nunca tenha sido ele. A obra original nos convida a uma reflexão mais profunda sobre criação, responsabilidade e as consequências da rejeição.