12/05/2020 - 10:19
Um novo estudo, baseado em dados dos observatórios de raios X XMM-Newton (ESA) e Chandra (Nasa), lança uma nova luz sobre uma “ponte” de gás quente de 3 milhões de anos-luz que liga dois aglomerados de galáxias, cuja forma está sendo dobrada pela poderosa atividade de um buraco negro supermassivo próximo.
O estudo que descreve esse trabalho, liderado por Viral Parekh, do Observatório de Radioastronomia da África do Sul e da Universidade Rhodes (África do Sul), foi publicado na revista “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society” em janeiro.
Os aglomerados de galáxias são os maiores objetos do universo, mantidos juntos pela gravidade. Eles contêm centenas ou milhares de galáxias, vastas quantidades de gás com temperaturas de vários milhões de graus, que brilham intensamente em raios X, e enormes reservatórios de matéria escura invisível.
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O sistema retratado nessas imagens, chamado Abell 2384, está localizado a 1,2 bilhão de anos-luz da Terra e compreende uma massa total de mais de 260 trilhões de vezes a massa do Sol. Nesse caso, os dois aglomerados de galáxias colidiram e passaram um através do outro, liberando uma monstruosa enxurrada de gás quente de cada aglomerado. Ela formou essa ponte incomum entre os dois objetos.
Forma dobrada
A visão de raios X do XMM-Newton e do Chandra é mostrada em azul, juntamente com observações em ondas de rádio realizadas com o Giant Metrewave Radio Telescope, na Índia (mostradas em vermelho), e dados ópticos do Digitized Sky Survey (mostrados em amarelo). A nova visão com vários comprimentos de onda revela os efeitos de um jato disparando para longe de um buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia em um dos aglomerados.
O jato é tão poderoso que está dobrando a forma da ponte de gás, que tem uma massa equivalente a cerca de 6 trilhões de Sóis. No local da colisão, onde o jato está empurrando o gás quente na ponte, os astrônomos encontraram evidências de uma frente de choque, semelhante a uma explosão sônica de uma aeronave supersônica, que pode manter o gás quente e impedir que ele esfrie para formar novas estrelas.
Objetos como o Abell 2384 são importantes para os astrônomos entenderem o crescimento de aglomerados de galáxias.
Simulações em computador indicam que, após essa colisão, os aglomerados de galáxias oscilam como um pêndulo e passam um pelo outro várias vezes antes de se fundirem para formar um aglomerado maior. Com base nessas simulações, os astrônomos pensam que os dois grupos nesse sistema acabarão se fundindo.