24/09/2025 - 17:19
A crescente acidificação dos oceanos, resultado direto da absorção de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, está causando danos diretos à dentição dos tubarões. Uma nova pesquisa revela que a camada protetora externa dos dentes desses predadores está sendo corroída pela alteração química da água do mar, o que pode comprometer sua capacidade de caça e alimentação.
Os dentes dos tubarões “são armas muito desenvolvidas, projetadas para cortar carne, não para resistir à acidez do oceano”, afirma o pesquisador Maximiliam Baum, um dos integrantes da equipe responsável pelo estudo, da Universidade Heinrich Heine de Düsseldorf, na Alemanha.
O estudo demonstrou que, ao serem expostos a níveis de acidez projetados para as próximas décadas, os dentes dos tubarões sofrem uma desmineralização significativa. Foi identificado que a redução do pH da água do mar dissolve a camada protetora da dentição desses peixes, deixando-a mais vulnerável a arranhões, buracos e rachaduras.
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Diferentemente de outros impactos da acidificação, que geralmente afetam organismos que constroem conchas ou esqueletos de carbonato de cálcio, este efeito sobre os tubarões revela um novo tipo de ameaça. Embora tais animais substituam seus dentes continuamente ao longo da vida, o estudo alerta que a exposição constante a um ambiente marinho mais corrosivo significa que mesmo os dentes novos estarão sob ataque químico permanente.
A consequência direta é a perda da eficácia de corte e perfuração, essencial para a sobrevivência desses predadores de topo. Já a longo prazo, a dificuldade em se alimentar pode levar a um declínio populacional, gerando um efeito cascata em toda a cadeia alimentar marinha. A descoberta serve como mais um indicativo dos impactos abrangentes e, por vezes inesperados, das mudanças climáticas sobre os ecossistemas oceânicos.
